Título: Venezuela quer mais lucros com petróleo
Autor: Gina Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2006, Economia & Negócios, p. B6

Empresas terão aumento de impostos e novas taxas

A Assembléia Nacional venezuelana propôs ontem a elaboração de um instrumento legal que declare sob controle do Estado a exploração e a produção da faixa petrolífera a leste do Rio Orinoco. A informação, do deputado governista Rodrigo Cabeza, foi dada quatro dias depois que o governo anunciou reformas na lei para aumentar os impostos das quatro empresas que processam petróleo na faixa leste do Orinoco.

Segundo Cabeza, a Assembléia solicitará ao governo uma legislação para que o Estado venezuelano tenha "pleno exercício de soberania" na região e que sejam revogados quaisquer acordos onde não tenha "participação majoritária". "O Congresso não aceita que não tenhamos controle do petróleo na Faixa do Orinoco", disse, acrescentando que será pedido que as empresas respeitem a área de 250 quilômetros quadrados, "autorizados pelo Congresso anterior".

Cabeza referiu-se diretamente à Sincor, controlada pela francesa Total, cuja área de prospecção atinge 324 quilômetros quadrados, e a norueguesa Statoil que, segundo ele, produz diariamente 210 mil barris quando, por contrato, só poderia produzir 114 mil barris.

O deputado venezuelano disse ser favorável à proposta do Ministério de Energia de elevar os impostos e criar um tributo sobre exportações de petróleo sobre os projetos desenvolvidos na Faixa do Orinoco.

Operam na Faixa a British Petroleum, Exxom Mobil, Chevron Texaco, Conoco Phillips, a francesa Total e a norueguesa Statoil. A região produz cerca de 600 mil barris diários.

REPSOL O presidente da hispano-argentina Repsol YPF, Antoni Brufau, afirmou que o decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia pode acarretar a perda de milhões de dólares em investimentos. Brufau disse que o decreto de Evo Morales, sem regras claras, não incentiva petroleiras estrangeiras a investir no país.

Brufau lembrou que as reservas de gás na Bolívia exigem altos investimentos, que ficariam a cargo do governo de Evo.