Título: Tarso quer Itamar Franco em aliança entre PT e PMDB
Autor: Leonencio Nossa, Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2006, Nacional, p. A9

Ex-governador se reúne com petistas na segunda-feira para negociar acordo

O ex-presidente Itamar Franco se reunirá na segunda-feira com o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, e o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), para negociar um acordo para as eleições. No início do mês, Itamar surpreendeu o ex-governador do Rio Antony Garotinho ao lançar sua pré-candidatura à Presidência. Garotinho havia vencido uma prévia interna do PMDB para a escolha do candidato.

O movimento de Itamar foi visto por segmentos do PMDB como manobra do Palácio do Planalto para tumultuar o processo de escolha no partido. Mas pessoas próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que, caso Itamar se mantenha na disputa, o mais provável é que tire votos do PT, não do pré-candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin.

Tarso disse ontem entender que o PMDB "é um aliado potencial numa eventual candidatura de Lula" caso amanhã, durante pré-convenção em Brasília, tome a decisão de não ter candidato próprio. "O PMDB tem direito a ter um candidato à Presidência, pois é um partido nacional, forte e respeitado."

Na semana passada , Berzoini e Tarso deram início a uma costura política com o PMDB. Em São Paulo, os petistas se reuniram com o ex-governador Orestes Quércia, presidente do PMDB paulista e um dos principais defensores da candidatura Itamar. Na reunião, Tarso insistiu em que o governo precisa do PMDB. "A coligação tem de ser entre partidos, sem mais relações fragmentadas com a base aliada", frisou Tarso, ao Estado, tomando como base a experiência negativa do mensalão.

Tarso recebeu de Lula a tarefa de conversar com todos os setores do partido para ajudar a resolver os impasses regionais. Enquanto o ministro cuida do relacionamento institucional entre peemedebistas e governo, Berzoini foca na questão eleitoral, articulando a aliança já no primeiro turno.

Quércia, que tem peso fundamental no PMDB, faz suspense e lembra que, até a decisão de amanhã, tem compromisso com a pré-candidatura de Itamar.

Se depender da pressão do PMDB nos Estados, dificilmente o partido terá candidato próprio à Presidência. Partidários de diferentes regiões do País querem o PMDB livre para fechar acordos - seguindo as suas conveniências regionais - nos Estados. Em São Paulo, por exemplo, dificilmente o PMDB fechará aliança com o PT do pré-candidato a governador Aloizio Mercadante.

A coligação entre PT e PMDB só é considerada fácil no Tocantins e na Paraíba. Nos demais Estados, os peemedebistas estão mais alinhados ao PSDB e PFL. Além d isso, o PSDB de Alckmin também assedia o PMDB para uma aliança nacional. Os tucanos dizem que, se atrapalharem os planos do PT, já têm motivo para comemorar.