Título: Lista provoca clima de terror e até cenas de choro
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2006, Nacional, p. A4

Líder do PL na Câmara se emociona, diz que seu nome 'nunca mais sairá dos jornais' e se queixa de injustiças

Um clima de terror se instalou na Câmara com a divulgação de listas com nomes de supostos beneficiários do esquema de compra de ambulâncias detectado pela Operação Sanguessuga. Cenas de choro no plenário, vaivém na sala da Corregedoria, discursos de defesa na tribuna e deputados se explicando pelos corredores se tornaram comuns na Casa.

Ontem o líder do PL na Câmara, Luciano Castro (RO), chorou quando discursava na tribuna sobre a inclusão de seu nome em nova lista de supostos envolvidos no esquema. "Meu nome nunca mais vai sair dos jornais", lamentou o deputado, aos prantos. "Esta minha indignação vem do meu coração. Muitos estão sendo injustiçados e alguns ainda serão."

É comum também ver deputados solidarizando-se com outros citados na lista. O parlamentar sob suspeição, invariavelmente, retira do bolso um papel com a transcrição do documento da Polícia Federal referente a seu nome. "Olha o que há contra mim. Uma gravação em que dizem que querem que eu me dane!", afirmou Marcelo Ortiz (PV-SP), citado por deputados como exemplo de que o documento da PF é inconsistente. Ortiz foi um dos 36 nomes excluídos de investigação pela Mesa da Câmara por falta de indícios.

Wellington Fagundes (PL-MT) levantou as emendas que apresentou e as carrega para se defender, junto com a parte referente a ele no documento da PF. Ele ressalta o trecho em que a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino conversa com o marido. O casal afirma: "Wellington Fagundes nunca ajudou a gente." O caso de Fagundes está sob investigação na comissão de sindicância da Câmara.

Com dados do Siafi, o sistema que registra todos os pagamentos do governo, Fagundes sustenta que nenhuma das três emendas que fez foi para compra de ambulâncias. E, além disso, afirma que o governo não liberou o dinheiro de nenhuma delas.

O mal-estar causado pela investigação já fez vítimas. No PSB, o líder na Câmara, Paulo Baltazar (RJ), e o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, Isaías Silvestre (MG), se afastaram dos cargos. Os dois responderão a processo na comissão de ética do PSB. Baltazar e Silvestre estão sob investigação da comissão de sindicância da Câmara, depois de terem os nomes incluídos na lista da Polícia Federal.

Na nota da Executiva do PSB, o presidente do partido, deputado Eduardo Campos (PE), manifesta apoio à apuração das denúncias com a punição de todos os responsáveis e "ressalta que não tem conhecimento, na vida pública e partidária dos deputados Isaías Silvestre e Paulo Baltazar, de qualquer ato que os desabone".