Título: Chances de abertura de CPI são remotas
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2006, Nacional, p. A4

Só 27 deputados assinaram pedido apresentado por PPS, PV e PSOL

Tem tudo para fracassar a tentativa de partidos de oposição de abrir uma CPI para investigar a participação de parlamentares no desvio de dinheiro do Orçamento da União para compra de ambulâncias superfaturadas. Pedido apresentado por PPS, PV e PSOL, que somam apenas 30 parlamentares, até ontem à noite tinha 25 assinaturas. Para que uma CPI seja aberta, são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado.

"Quem quer uma investigação conseqüente não pode propor factóides", disse o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS). O partido, tem 81 deputados, a segunda maior bancada da Casa, mas apenas um suspeito de envolvimento nos desvios. João Grandão (MS). "Essa CPI só tumultuaria o andamento das investigações, porque na prática temos apenas um mês e meio de trabalho pela frente", disse Fontana. Ele acha que a Polícia Federal é que deve seguir à frente das investigações, por já estar bem adiantada.

O PMDB, dono da maior bancada, com 83 deputados, também não está disposto a assumir a CPI dos Sanguessugas - invertebrados que deram nome à operação realizada pela PF que apontou 80 deputados e 1 senador como suspeitos do desvio. A Câmara decidiu, num primeiro momento, investigar 16 deles.

O PSB, que teve o líder Paulo Baltazar (RJ) envolvido, não quer saber da CPI. "Essa idéia só pode ter saído da cabeça dos que não conhecem nada dos trâmites no Congresso. Não há tempo para nenhum tipo de investigação", disse Alexandre Cardoso (RJ), que assumiu a liderança no lugar de Baltazar.

As assinaturas não começaram a ser coletadas no Senado, e lá também a tarefa não é fácil. "Achamos que o tempo é muito curto, mas, se quiserem nosso apoio, terão", disse o líder tucano, Arthur Virgílio (AM). Na Casa não há ninguém do PPS e do PV. O PSOL tem apenas a senadora Heloísa Helena (AL).