Título: Funcionários da Volks ameaçam fazer greve
Autor: Thiago Velloso
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2006, Economia & Negócios, p. B12

Os trabalhadores da Volkswagen do Brasil ameaçam entrar em greve a qualquer momento, em protesto contra o plano de reestruturação da empresa, que deve demitir, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 5.773 funcionários. "É uma guerra", disse José Lopez Feijóo, presidente do sindicato.

Em reunião ontem, 23 representantes dos trabalhadores das cinco fábricas da montadora no Brasil - São Bernardo do Campo, Taubaté, São Carlos (SP), Resende (RJ) e São José dos Pinhais (PR) - decidiram que não haverá negociação com a empresa. "Repudiamos o plano, que quer retirar os diretos dos trabalhadores, precarizar os direitos trabalhistas e demitir pessoas", afirmou Feijóo. As demissões - 3.016 este ano e o restante até 2008 - valem para três fábricas. Para Wagner Santana, vice-presidente do Comitê Mundial dos Trabalhadores da montadora, "é chantagem".

Os sindicalistas farão campanha nos próximos 20 dias para acabar com as horas extras em todas as unidades. No ABC, com 12 mil funcionários, foram realizadas 700 mil horas extras em 2005. No Paraná, onde há 4 mil funcionários, foram 120 mil horas. Ambas estão na lista de cortes, além de Taubaté.

O fim das horas extras vai dificultar a formação de estoques para abastecer o mercado. "Não vamos deixar que o plano seja implementado", disse Feijóo. A empresa prevê corte de 25% nos custos de mão-de-obra para o desenvolvimento de novos veículos. "Querem também que haja competitividade entre trabalhadores. A produção de um novo modelo fica com quem apresentar menor custo. Não vamos entrar nessa", disse o sindicalista. "Querem aumentar a jornada de trabalho, diminuir benefícios e os salários."

Hoje, seis representantes da categoria viajam à Alemanha para o encontro do Comitê Mundial dos Trabalhadores da Volks, onde será discutida a situação das 44 fábricas do grupo no mundo e preparado um plano conjunto para impedir a reestruturação internacional.

Os sindicatos também buscam apoio de governos municipais, estaduais e federal. "Qualquer política pública tem de ter contrapartida social, com a criação ou preservação de empregos", disse Feijoó, referindo-se aos R$ 3,73 bilhões emprestados pelo BNDES à montadora nos últimos 11 anos.