Título: DF adia venda de gás para veículos
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2006, Economia & Negócios, p. B10

Donos de postos e consumidores estão preocupados com o fornecimento de GNV em Brasília

A crise iniciada pela decisão boliviana de nacionalizar as reservas de gás natural jogou incertezas sobre o futuro de projetos de expansão do consumo do produto no Brasil. No Distrito Federal, onde a Petrobrás pretendia começar a vender gás para veículos em junho, a idéia foi adiada para uma data ainda indefinida.

Com empresários e potenciais consumidores inseguros, os responsáveis pelo projeto resolveram levar a Brasília, na quarta-feira, representantes da Petrobrás para esclarecer dúvidas e fixar metas.

"Com todo o noticiário, a opinião pública ficou sobressaltada", resumiu Rubens Alves dos Anjos, consultor do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (Sincodiv-DF).

Um investimento de cerca de US$ 50 milhões, feito pela Petrobrás em associação com a empresa White Martins e a CEB Gás (subsidiária da estatal do DF fornecedora de energia), permitiu a instalação da estrutura que tornará possível a comercialização de gás natural trazido de Paulínia (SP).

Segundo o consultor, uma das propostas da reunião é esclarecer aos donos de postos, concessionários e consumidores que em Brasília não será vendido gás vindo da Bolívia, mas o extraído em solo brasileiro. "Essa foi uma das principais dúvidas surgidas esta semana."

Há outras questões em aberto, que já ameaçavam o início do projeto, como a definição da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do produto. Há um impasse entre o governo local, que defende uma alíquota de 12%, e os revendedores que querem 7%.

Alves relatou, porém, que o atraso no projeto se consolidou ao longo da semana já que alguns motoristas, que se preparavam para investir entre R$ 3,5 mil e R$ 4,5 mil na conversão dos motores, se mostraram reticentes por causa da crise na Bolívia. Ele conta que houve ainda "manifestações desanimadas" de donos de postos que devem aplicar recursos em obras de armazenagem segura do gás.

O projeto prevê que pelo menos 1% da frota de automóveis do DF, cerca de 7 mil veículos, esteja trafegando também com gás natural em até três anos. A nova data para iniciar a comercialização, no entanto, só deverá ser definida após a reunião de quarta-feira, mas a expectativa é que antes do fim do ano a idéia não deve ser posta em prática.