Título: 'Economist' prevê dificuldades
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2006, Economia & Negócios, p. B7

Revista alerta para ruptura de contratos ou confiscos

A revista britânica The Economist afirmou que a ruptura de contratos ou o confisco de propriedades acarreta custos indiretos e não imediatos que os governos nacionalistas raramente percebem.

Em editorial sobre a nacionalização do gás e petróleo promovida por Evo Morales, a revista disse que o presidente boliviano "aposta que as multinacionais continuarão (no país) como prestadoras de serviços, em duras condições. Mesmo que elas continuem, uma nacionalização deixa mais receosos os estrangeiros na hora de investir, no futuro, e encarece o capital não só na indústria petrolífera como no conjunto da economia".

A revista acrescentou que quando o preço das commodities cair "e os países produtores perceberem que é caro demais desenvolver a produção com seus próprios recursos, as empresas estrangeiras exigirão melhor remuneração, dando início, assim, a um ciclo destrutivo de renegociações e revogações de contratos".

The Economist lembrou que esta é a terceira vez que a Bolívia nacionaliza seus recursos minerais "e a segunda vez que a Venezuela pressiona os estrangeiros". Após nacionalizar o setor, em 1975, a Venezuela convidou as multinacionais a retornarem ao país, duas décadas mais tarde.

Segundo a revista, "as empresas estatais às vezes são inoperantes e correm o risco de politização, como aconteceu com a Venezuela de Hugo Chávez. Desde que o presidente venezuelano provocou uma greve e dispensou muitos dos grevistas, há três anos, a produção caiu fortemente".