Título: Tarso diz que o Brasil é líder e descarta 'ação imperial' contra a Bolívia
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2006, Economia & Negócios, p. B6

O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou ontem que o Brasil "está se comportando como líder da América do Sul, e não como tutor", ao comentar a nacionalização feita por Evo Morales e a resposta do País. Ele identificou "uma certa ansiedade em determinados setores" para que o Brasil tivesse uma atitude violenta ou radical.

"Quem espera que o Brasil vá ter uma atitude imperial, como os Estados Unidos tiveram no Iraque, está completamente enganado", disse. Ele afirmou que a visão brasileira é de inclusão de forma soberana nas relações globais e sua postura, no caso da Bolívia, segue essa lógica, a de "um país que não tutela, mas lidera a América do Sul pela sua força econômica, pelo seu poderio geopolítico e pelo próprio grau de desenvolvimento industrial e econômico".

Indagado sobre o uso da crise pela oposição no debate eleitoral, ele considerou isso positivo "porque eleva o nível do debate, que até agora estava muito rebaixado". Segundo ele, a falência das CPIs determinou a mudança de pauta. "Acho que é uma questão que merece debate e é bom que a oposição esteja levantando essa questão".

O ministro lembrou que o gasoduto entre os dois países é uma discussão que vem há 50 anos e há 7 anos entrou em operação. "Portanto, é uma política de Estado e, na minha opinião, uma boa política de Estado, que permite a integração da América Latina", afirmou.

ALCKMIN O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, insinuou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tinha conhecimento das intenções do presidente da Bolívia, Evo Morales, de nacionalizar o gás e o petróleo. Alckmin advertiu que o boliviano havia dito que agiria desta maneira em sua campanha presidencial.