Título: Tarifas podem subir nas férias de julho
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

A paralisação gradual da Varig deve provocar, no curto prazo, um aumento médio dos preços das passagens aéreas domésticas, num mercado já pressionado pela maior demanda nas férias de julho, dólar em recuperação e elevação de custos por causa do petróleo.

A médio prazo, no entanto, especialistas aguardam redução de tarifas médias, motivada pela disputa acirrada de mercado entre as duas grandes competidoras, TAM e Gol.

"A TAM e a Gol têm planos ambiciosos. Elas estão dobrando a frota em dois anos e encomendaram um grande número de aeronaves", afirma o sócio da consultoria Bain & Company, especializado em aviação, André Castellini. Ele argumenta que, com a maior oferta de assentos, a tendência dos preços das passagens é de queda, apesar de o mercado ter apenas duas empresas.

"A médio prazo, o risco maior é de predação do mercado do que de cartelização para impor preços", observa o coordenador do Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo (Nectar) do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Alessandro Oliveira.

Oliveira faz análise semelhante à de Castellini. Ele diz que não é o número de empresas que determina os preços no mercado de aviação, mas a oferta de assentos nos vôos. "Não vejo risco de o duopólio determinar preços."

Além disso, Oliveira observa que tanto a Gol como a TAM são empresas enxutas e que sabem jogar o jogo. Novas companhias que quiserem entrar nesse mercado terão de ser muitos eficientes para competir.

Castellini diz que o mercado consumidor brasileiro mostrou que é muito sensível à redução de preços. Em 2005 e neste ano, o mercado de passagens aéreas cresceu 18% ante o ano anterior. Essa elasticidade de preços elevada é outro fator que deve estimular as companhias aéreas a manterem preços baixos para ampliar as vendas.

JULHO No último mês, levantamento feito pelo Nectar mostrou que os preços das passagens domésticas da Varig ficaram abaixo da média do mercado. "A empresa precisava fazer caixa", diz Oliveira. Agora, com a saída de uma empresa de preços baixos, a tendência, no curto prazo é de as tarifas subirem.

Castellini lembra que o estoque limitado de passagens no curto prazo deve promover uma valorização dos preços das tarifas. Ele acrescenta que nas férias de julho, que é a alta estação, o movimento aéreo acaba sendo maior porque não há interrupção nas atividades das empresas, o que diminui o fluxo aéreo. É exatamente o oposto das férias de verão.

Com isso, o movimento deve se intensifica no mês que vem e os preços das passagens podem subir, acomodando-se em níveis mais elevados no curto prazo.