Título: 'Está mais fácil cumprir meta de inflação'
Autor: Renata Veríssimo e Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2006, Economia & Negócios, p. B6

Às vésperas de o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixar a meta de inflação para 2008, o novo diretor da Área Internacional do Banco Central (BC), Paulo Vieira da Cunha, disse ontem que agora está mais fácil cumprir as metas.

O motivo é a crença dos agentes econômicos, responsáveis pela formação dos preços, em que a inflação ficará no centro da meta e incorporaram isso ao seu comportamento. Mas ele advertiu que, sem o controle de gastos públicos, qualquer esforço macroeconômico é inútil.

"Na batalha contra a inflação, a vitória, até agora, restabeleceu a credibilidade do BC. Mas a vigilância deve ser contínua. Em política monetária, a prevenção é o melhor remédio", disse Vieira da Cunha, no discurso de posse.

Para o presidente do BC, Henrique Meirelles, o momento é histórico porque a espiral inflacionária foi quebrada. "No momento que a sociedade passa a acreditar no cumprimento da meta, entramos num outro patamar de política monetária, de estabilidade e aumento de investimentos e das taxas de crescimento", afirmou.

Segundo ele, é a primeira vez que as projeções de inflação do BC e do mercado estão no centro da meta (4,5%)para 2006 e 2007. "As previsões para os anos seguintes também indicam o mesmo patamar. Isso significa que estamos conseguindo algo de importância histórica para o Brasil, que é ancorar as expectativas de inflação.

Meirelles afirmou que, durante muito tempo - e ele disse esperar que isso esteja mudando agora - discutiram-se as conseqüências dos problemas brasileiros e não as causas. "Se discute a taxa de juros, em vez de discutir a inflação; se discute que o juro é alto, em vez de se dizer que o juro é o necessário para que a inflação fique na meta e que a prioridade do País é ter a inflação na meta", afirmou Meirelles, em mais um recado aos críticos da política monetária.

O novo diretor também disse que o fato de as projeções estarem no centro da meta indica que a política monetária goza de credibilidade. Na avaliação dele, o êxito do sistema de metas depende justamente da capacidade do BC de orientar as expectativas e influenciar os agentes de mercado e formadores de preços.

Para orientar, afirmou, a decisão do Copom sobre a Selic não é o único sinal, embora seja o mais preciso e imediato. "A comunicação com o mercado e a sociedade cumpre também um papel fundamental".