Título: "Lula não entende de administração"
Autor: Fabiana Cimieri
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2006, Nacional, p. A10

Alckmin diz que governo não investe e sofre com imobilismo

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, elevou ontem o tom das críticas ao principal adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alckmin acusou-o de não ter noção de administração pública, numa resposta às afirmações de Lula, que na semana passada ironizou Alckmin e sua proposta de choque de gestão.

"O presidente não entendeu. Ele está terminando o governo sem entender a questão da administração pública. Choque de gestão se faz para evitar desperdício, melhorar a qualidade do gasto público. Ele se faz exatamente para que haja inclusão social." O tucano insistiu que sem isso não é possível governar. "O choque de gestão é exatamente para recuperar a capacidade de governar, de investir. Como se faz inclusão social com um governo que se apropria de 40% da riqueza nacional e não sobra nada para investir?"

Ele reforçou que sem choque de gestão o resultado é exatamente o que é apresentado no governo Lula. "Saúde e educação indo para trás e as estradas acabando." E prosseguiu: "O governo não tem dinheiro. Aumentar impostos não dá mais, o povo não aceita. Cortar investimento não tem mais o que cortar. Não tem uma obra. A grande obra foi o tapa-buraco." Alckmin enfatizou ainda que o governo Lula "está paralisado", "há um certo imobilismo", pois é um governo "que se omite e não assume responsabilidades".

O tucano passou o dia em São Paulo. Hoje vai ao Espírito Santo, retomando as viagens. Na semana que vem, visitará a Bahia, outro Estado do Nordeste, onde tem seu mais fraco desempenho, segundo as pesquisas.

Ele negou que haja divisão em seu partido sobre os rumos de sua pré-campanha. "Atribuo tudo isso à fofoca, pois, infelizmente, 90% de cobertura de uma eleição é intriga."

Alckmin voltou a minimizar a pesquisa Ibope divulgada quarta-feira, que mostra que a diferença entre ele e e Lula caiu pela metade no Estado de São Paulo. Ele insistiu em que a campanha propriamente dita só tem início em julho. "Não tenho essa preocupação com as pesquisas." Advertiu, porém, que o PT tem inserções na TV em abril e neste mês, enquanto as do PSDB serão em junho.

Em entrevista no seu escritório político, Alckmin repetiu que tem conversado com representantes dos principais partidos de oposição para a construção de uma aliança. Ele citou o PFL - que indicará o vice em sua chapa -, o PPS, o PDT, o PV e o PMDB. Para o tucano, a definição do vice só deverá ocorrer após a costura da aliança em torno de sua candidatura.