Título: Criação de vagas é menor este ano
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2006, Economia & Negócios, p. B10

Apesar do desempenho positivo da indústria, construção civil e do setor agrícola, os números do emprego formal este ano estão menores do que os de 2005. De janeiro a maio, o mercado teve um saldo de 768.343, ante 770.767 em 2005. O mesmo ocorreu em relação a maio, cujos resultados foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. No mês passado, foram criados 198.837 postos de trabalho. Este número é inferior à geração de empregos em abril, que foi de 229.803, e também é menor do que o resultado de maio de 2005, quando ocorreram 212.450 novas ocupações.

O vilão do emprego até o momento vem sendo o comércio, cujo desempenho caiu praticamente pela metade. De janeiro a maio de 2005, o setor foi capaz de criar 100.986 empregos com carteira assinada. Esse número baixou para 53.210 no mesmo período deste ano. O fraco desempenho do comércio é seguido pelo setor de serviços. Nos primeiros cinco meses de 2005 foram criados 304.451 postos de trabalho. Este ano, o número caiu para 283.662.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, não soube explicar essa queda. Ele disse que os dados precisam de um melhor exame pela área técnica, mas levantou como hipótese o que chamou de "ajuste dos gastos das famílias". De acordo com o ministro, as famílias podem ter se endividado lá atrás e agora estão demandando menos compras e serviços.

Mesmo com uma deterioração do quadro de geração de empregos com carteira assinada em relação a 2005, Marinho reafirmou ontem a meta para este ano. Ou seja, a criação de 1,3 milhão a 1,4 milhão de empregos, um resultado intermediário entre 2004 e 2005.

Para os quatro anos do governo Lula, o ministro do Trabalho também manteve a meta de um saldo líquido positivo de 100 mil novos empregos por mês, o que resultará em cerca de 5 milhões de novos postos de trabalho no fim do período. Para conseguir esse resultado, a expectativa de Marinho é que a curva do emprego no segundo semestre supere o desempenho do ano passado. Em 2005, o saldo líquido do emprego ficou em 1.253.981, enquanto em 2004 - o melhor da série - chegou a 1.523.276.

O ministro avaliou que o mercado de trabalho atravessa uma boa fase, mas disse que a situação poderia ser melhor caso o Banco Central mantivesse o ritmo da queda da taxa básica de juros.