Título: Morte de jornalista foi cogitada
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2006, Nacional, p. A7

O delegado Tardelli Boaventura, que preside os 140 inquéritos abertos para apurar fraude na compra de ambulâncias e material hospitalar com recursos do orçamento, negou ontem que tenha sido negligente ao ouvir, numa escuta telefônica, que dois dos investigados falavam em matar um jornalista do Correio Braziliense que estava em Rondônia investigando o esquema de desvio de dinheiro.

"Quando soube que havia essa conversa, fui imediatamente à sala onde era feita a escuta", contou o delegado. "Ouvi toda a conversa. Depois, nada mais foi dito. Percebi que a conversa era em tom de brincadeira."

No diálogo, que foi gravado com autorização judicial, o empresário Luiz Antonio Trevizan Vedoin acerta com Francisco Machado Filho, o Chico, assessor do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), a morte do jornalista.

"E o jornalista, deu as caras ou não?", pergunta Vedoin no telefonema. "Ele me falou...ele falou que...que tava, que tava lá, que ele tinha chegado lá em Rondônia", responde o assessor. "E procurou alguém, fez alguma coisa?", indaga o empresário. "Não procurou ninguém, não", diz Chico.

Em seguida, ouve-se o plano. "Podia arrumar um jeito de mandar matar o cara lá, o que você acha?", continua Vedoin. Resposta: "Eu também acho que é uma boa".