Título: Aldo promete 'providência rigorosa' contra envolvidos
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2006, Nacional, p. A6

Presidente da Câmara avalia que as denúncias são muito graves, porque a Casa tem papel constitucional de fiscalizar o uso dos recursos públicos

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), anunciou que divulgará na segunda-feira as providências da Casa em relação aos deputados e funcionários denunciados pela "Operação Sanguessuga". Até agora, já foram presas 46 pessoas, entre ex-deputados, assessores parlamentares, empresários e servidores do governo federal por fraude na compra de ambulâncias superfaturadas com recursos do Orçamento da União. Desde quinta-feira, assessores jurídicos da Câmara estão analisando os documentos que foram encaminhados pela Polícia Federal e hoje vão fazer um relato do processo a Rebelo.

"As denúncias são muito graves, porque a Câmara tem o papel constitucional de fiscalizar os recursos públicos. E, quando funcionários da Casa e até parlamentares são envolvidos nesse tipo de denúncia, é evidente que a Câmara tem de adotar uma providência rigorosa, tanto em relação ao funcionário, quanto em relação aos parlamentares envolvidos nas ilicitudes", declarou Rebelo, em Assunção, onde cumpria viagem oficial.

O presidente da Câmara chega hoje a São Paulo. Mas ontem mesmo colocou os documentos da PF à disposição dos deputados citados na lista de suspeitos. Os deputados poderão ler e consultar o relatório.

Antes de executar a prisão dos acusados, na manhã de quinta-feira, a Polícia Federal informou ao presidente da Câmara que haveria prisão de servidores. Mais tarde, a PF entregou à presidência da Câmara a papelada da investigação.

O presidente da Comissão Mista de Orçamento, Gilmar Machado (PT-MG), vai divulgar na terça-feira a lista com todos os deputados e os senadores que apresentaram emendas individuais ou de bancada ao Orçamento para a compra de ambulâncias. O levantamento também será encaminhado ao Ministério Público e à Polícia Federal, como contribuição às investigações da Operação Sanguessuga.

Machado colocou à disposição do Ministério Público e da PF uma senha de acesso ao sistema que permite o acompanhamento da execução orçamentária, o Siafi. "Não temos motivo para evitar a transparência", frisou Machado.