Título: Na TV, PFL liga presidente ao esquema de corrupção
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2006, Nacional, p. A6

Programa do partido em rede nacional acusa Lula de comandar irregularidades, como valerioduto e mensalão

Exibido ontem à noite em rede nacional, o programa partidário do PFL acompanhou o tom dos discursos da convenção do Distrito Federal: vinculou o presidente Lula aos escândalos de seu governo e o acusou de ser "comandante do maior esquema de corrupção já desmascarado em nosso País".

Em 11 minutos, o partido tenta mostrar que os esquemas do valerioduto e do mensalão "aconteceram debaixo dos olhos do presidente". Como recurso para reforçar a tese, exibe em uma animação do interior do Palácio do Planalto a proximidade do gabinete de Lula com os principais nomes da "quadrilha" denunciada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza. "Então, Lula é incapaz de controlar até mesmo seu ambiente de trabalho?", questiona um ator. São mostrados também os afagos do presidente em três dos principais integrantes do esquema: o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu; o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Lula aparece elogiando cada um deles, após terem deixado os cargos no governo e no partido por não conseguirem se defender de denúncias.

Sobre o ex-chefe da Casa Civil, o programa repete uma afirmação de Lula considerada comprometedora: "Feliz do país que tem um político da magnitude de José Dirceu." Da mesma forma, Lula aparece em outra cena, igualmente enfático, chamando o ex-tesoureiro acusado de ter montado a compra de apoio de deputados de "nosso Delúbio". Por fim, Lula é mostrado quando afirma ter com Palocci "uma relação de companheiro, possivelmente mais do que a relação de irmão".

A locução do programa partidário dos pefelistas não deixa por menos: "O presidente diz que não via nada, mas a seu lado os amigos construíram uma organização criminosa sem precedente no nosso País".

Posando diante de manchetes da imprensa sobre os crimes atribuídos a petistas, o apresentador avisa no início do programa que o assunto a seguir "é de interesse de todos os brasileiros". Faz em seguida um apanhado das denúncias iniciadas com o flagrante do ex-servidor dos Correios Maurício Marinho recebendo propina - a cena cujos desdobramentos deram origem ao escândalo do mensalão. A próxima tomada é do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), contando parte do que sabia sobre o esquema patrocinado por petistas com peso no governo.

Políticos e candidatos pefelistas ficaram de fora do programa partidário. No seu lugar, além de Lula e das acusações contra seus ex e atuais auxiliares, são exibidas a entrevista do procurador-geral denunciando a "quadrilha", imagens da notícia-crime protocolada no Supremo Tribunal Federal contra o presidente pela Ordem dos Advogados do Brasil e cenas do quebra-quebra promovido pelo MLST na Câmara dos Deputado - movimento liderado por Bruno Maranhão, petista que integrava a Executiva Nacional do partido. "Não dá mais para deixar o País nas mãos dele", é o apelo do PFL, referindo-se ao presidente Lula.

Nas cenas finais, o partido insiste na ligação do presidente com integrantes da "quadrilha". Eles são chamados um a um e aparecem como bonequinhos de papel, de mãos dadas, com o presidente Lula liderando o pelotão.