Título: 'Lula não trabalha e bebe muito', diz vice de Alckmin
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2006, Nacional, p. A6

Pefelista José Jorge afirmou em discurso para 30 mil pessoas que gestão atual é 'incompetente'; tucano criticou 'aparelhamento' do Estado

Ao realizar sua convenção ontem em Brasília, o PFL imprimiu um tom bem mais agressivo à campanha do candidato Geraldo Alckmin à Presidência. Em discurso, o candidato a vice-presidente na aliança fechada com o PSDB, senador José Jorge (PFL-PE), disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bebe e não trabalha. "É um governo que se caracteriza pela incompetência, pela falta de trabalho. Hoje temos um presidente que não trabalha, só viaja e bebe muito, como dizem por aí", afirmou José Jorge, para uma platéia estimada pela Polícia Militar em 30 mil pessoas. "Para ser presidente é preciso ser honesto, ser competente. Precisamos do governo da verdade, e não da mentira."

Na convenção pefelista, Alckmin também teve um de seus momentos mais inflamados durante a campanha. "Vamos acabar com a roubalheira. E vamos tratar de trabalhar", atacou o tucano, para os aplausos da platéia. "Vamos deixar de aparelhar o Estado e vamos valorizar o servidor público, aquele que se dedica ao serviço público. Vamos trabalhar para melhorar a saúde do nosso povo, para melhorar a qualidade do ensino infantil, da escola básica, do ensino médio, técnico e tecnológico."

O tom de Alckmin e seus aliados contra Lula tem subido nos últimos dias. Na semana passada, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), referiu-se ao presidente como "ladrão", em reunião fechada com a direção de seu partido em São Paulo.

O discurso do tucano foi elogiado por seus aliados. "Ele está pegando o tom", avaliou o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), um dos coordenadores da campanha. Em entrevista após a convenção, Alckmin disse que vai evitar ataques pessoais durante sua campanha e falará de propostas. "O tom da campanha é projeto, é trabalho", afirmou o candidato. "Entendemos que o Brasil em muitos aspectos está indo para trás. O País está indo para trás na educação, na saúde, na infra-estrutura e não cresce o suficiente para ter emprego, renda e trabalho para nossa população."

Ele disse não estar preocupado com os baixos índices que tem obtido nas pesquisas eleitorais. "Estou absolutamente tranqüilo, começando com piso de 20%. A receptividade é muito boa. Entre aqueles que me conhecem bem ou apenas me conhecem, eu já estou na frente. É que eu sou pouco conhecido."

No Distrito Federal, os aliados de Alckmin estão divididos. O deputado pefelista José Roberto Arruda e a vice-governadora Maria de Lurdes Abadia (PSDB) disputam a sucessão do governador Joaquim Roriz (PMDB). "O ideal é ter um palanque só, mas às vezes você não consegue. Você tem, no caso do Distrito Federal, mais de um candidato. Nenhum problema. Uma coisa é a eleição nacional, outra coisa é a eleição do Estado. Vamos estar todos unidos na proposta nacional e respeitar a questão dos Estados", afirmou Alckmin.

No discurso, o candidato tucano elogiou o PFL. "O PFL foi nosso parceiro na redemocratização do Brasil. Foi parceiro de Fernando Henrique na estabilidade da moeda, no Plano Real, que garante o poder de compra do salário do trabalhador. O PFL foi nosso parceiro na rede de proteção social, na Bolsa-Escola, na Bolsa-Alimentação, no Vale-Gás, hoje chamado de Bolsa-Família, que nós vamos manter, aperfeiçoar e ampliar", ressaltou.