Título: Tarso minimiza críticas de Aldo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2006, Nacional, p. A5

Presidente da Câmara acusou Lula de ignorar falta de articulação da bancada do governo ao atacar Congresso

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou ontem que vai procurar o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), para verificar se houve algum mal-entendido em declarações palacianas sobre o Poder Legislativo. Tarso tentou acalmar os ânimos, alegando ter muito apreço por Aldo, ex-ministro da Coordenação Política, nome anterior da pasta que ocupa hoje.

"Não temos nenhum contencioso com o presidente da Câmara", insistiu Tarso. "Não há questão que não possa ser esclarecida por meio do diálogo."

Ele assegurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não atacou o Congresso ao condenar a extensão do reajuste do salário mínimo aos aposentados. "Mas a avaliação feita pelo presidente da Câmara tem de ser respeitada. Vamos verificar se, eventualmente, fizemos afirmações que possam ter dado margem a interpretações equivocadas", ressalvou.

CRÍTICA GERAL

Ao mesmo tempo, parlamentares petistas tentaram amenizar o impacto das declarações de Aldo e o mal estar entre o Planalto e o Congresso. O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que o presidente Lula não criticou a instituição, mas os parlamentares que votaram a favor da proposta de estender o reajuste do mínimo aos aposentados.

"O presidente fez uma crítica a todo aquele parlamentar que aprovou uma proposta de dar um aumento real de 13% sem olhar o Orçamento-Geral da União", argumentou Chinaglia. "O presidente não distinguiu situação da oposição."

Já o líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), afirmou que a relação conturbada é culpa tanto do governo quanto do Congresso. "O relacionamento entre o governo e a oposição e com a sua base não é um casamento de amor, mas de sobrevivência", afirmou Tião Viana.

"O governo precisa fazer uma revisão profunda dessa relação, e o Congresso também. A culpa é de ambas as partes", amenizou. Para o senador, também é preciso tentar terminar com os "vícios do passado", como a troca de favores na hora da aprovação de projetos.

AS DECLARAÇÕES

Em entrevista à colunista do Estado Dora Kramer, Aldo reclamou das críticas do presidente ao Congresso. Recentemente, ao comentar o aumento de 16% aos aposentados, aprovado pela Câmara, Lula declarou que a decisão "não era séria".

Na entrevista, a resposta de Aldo foi dura. "Antes de falar mal do Parlamento e até da oposição, conviria o presidente examinar se os problemas não são causados por ausência de organização na sua base de apoio", afirmou. " O Congresso não é um ente abstrato, é composto por partidos cuja maioria hoje apóia o governo. Se o presidente não consegue aprovar ou rejeitar propostas de seu interesse, a responsabilidade não é da oposição e muito menos da instituição."