Título: Comunistas querem ajuda no DF em troca de aliança
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2006, Nacional, p. A4

Presidente do partido alega falta de reciprocidade e pede empenho dos petistas para eleger Agnelo Queiroz

O presidente do PC do B, Renato Rabelo, admitiu ontem que o partido poderá não se coligar formalmente ao PT nas eleições, deixando de apoiar formalmente a candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esta seria a primeira vez, em 17 anos, que a legenda não se aliaria ao PT nas eleições presidenciais. A ameaça tem por objetivo pressionar petistas a apoiar Agnelo Queiroz (PC do B) ao governo do Distrito Federal.

A palavra final sobre a união com os petistas ficará para a convenção do PC do B, marcada para o dia 29. Mas, antes, os comunistas pretendem fazer reunião extraordinária da Executiva Nacional para discutir o apoio formal ao PT. "Pela primeira vez decidimos rediscutir a questão do apoio formal", afirmou Rabelo.

Os comunistas estão inconformados com a insistência do PT do Distrito Federal em lançar a deputada distrital Arlete Sampaio ao governo. "O PC do B apóia o PT em praticamente todos os Estados. O único lugar em que o PC do B apela para o apoio do PT é em Brasília. Mas o PT do Distrito Federal tem se mantido intransigente. Assim fica uma relação difícil. É uma relação sem reciprocidade", disse Rabelo.

Segundo ele, as eleições no Distrito Federal são prioritárias para o partido. Afinal, é o único local onde os comunistas têm reais chances de vencer, caso contem com o apoio dos petistas. "O PC do B definiu algumas questões de interesse maior", observou.

Além do caso do Distrito Federal, os comunistas também reivindicam o apoio do PT em Tocantins e no Ceará, o que também não ocorreu. No Tocantins, o PC do B lançou o senador Leomar Quintanilha para disputar o governo. Petistas, que não têm candidato à vaga, optaram por apoiar o governador Marcelo Miranda, do PMDB. No caso cearense, PT e PC do B apóiam Cid Gomes (PSB), irmão do ex-ministro Ciro Gomes, na disputa pelo governo do Estado.

O presidente do PC do B já expôs a Lula a insatisfação de seu partido com o comportamento dos petistas nas eleições estaduais. Os comunistas não escondem que esperam empenho maior da cúpula petista para viabilizar a coligação formal neste ano.