Título: Atrasos e cancelamentos tumultuam o feriado
Autor: Alberto Komatsu e Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2006, Economia & Negócios, p. B6

No Rio e em São Paulo, os saguões dos aeroportos estavam lotados. TAM e Gol tinham as maiores filas

Feriado é sinônimo de aeroporto lotado. Ainda mais quando a Varig, umas das maiores companhias aéreas do Brasil, enfrenta crise e oferece um número limitado de vôos, cancelamentos e atrasos. "Eles não deveriam vender nem passagens, se não têm condições de atender os clientes", reclamou a passageira Natália Lapa Viana.

O vôo dela, de São Paulo para Florianópolis, estava marcado para às 9h30, mas só decolou às 13h16, com quase 4 horas de atraso. "A Varig diz que reembolsa se eu encontrar outro vôo mais cedo, mas está tudo lotado", disse, no meio da multidão presente no check in da TAM.

Só na ponte aérea, foram 5 vôos cancelados, 4 na parte da manhã. Outro vôo para Porto Alegre, com saída prevista para às 13 horas foi cancelado, mas os passageiros foram acomodados em outra aeronave da própria Varig. Entre eles estava Gerson Lupatini, que não queria esperar até 15h50 para embarcar e decidiu enfrentar a lista de espera da TAM. "A Varig sempre foi uma marca forte e referência. Tenho 170 mil milhas e já estou resignado."

Como a empresa tem operado menos vôos, as filas nos balcões da TAM e Gol têm ficado maiores a cada dia. Para a mineira Isabela Nogueira Pena, que embarcava em um vôo para Belo Horizonte, a crise da Varig cria inúmeros problemas para os passageiros. "A gente fica sem opção; olha como estão lotados os balcões da TAM e Gol." Além disso, Isabela gosta do atendimento da Varig, que permite até que sua cadela maltesa Laila viaje junto com ela na cabine. "Só pago o excesso de peso para levá-la comigo."

A Assessoria de Imprensa da Varig deixou de divulgar boletins de cancelamento de vôos mas, no Rio de Janeiro, pelo menos outros 13 vôos da Varig foram cancelados nos dois aeroportos da cidade, conforme foi atestado pelo Estado nos painéis de informação.

Na cidade, porém, os balcões da companhia estavam repletos de clientes da empresa prontos para embarcar ou, até mesmo, tentar a sorte em vôos de outras companhias, em caso de cancelamento.

No Santos Dumont, o advogado paranaense Rodolfo Lincoln, de 40 anos, que comprou passagem pela Varig para Curitiba com conexão em São Paulo, teve de ser deslocado para um vôo da TAM para poder viajar. "Comprei passagem da Varig e fui avisado, na hora do check-in, que meu vôo seria pela TAM", afirmou o advogado.

A confiança de que a companhia superará o cenário ruim estava presente na reação de Nilza Araújo, de 74 anos, cliente antiga da empresa. "Eu sempre voei pela Varig e minha família também", disse, enquanto aguardava seu vôo pela companhia no Santos Dumont, com destino a São Paulo.

Também esperando pelo seu vôo no Santos Dumont, a jornalista Patrícia Terterola, de 23 anos, acha difícil a aviação do País sobreviver sem a Varig. "Se estão pensando que a Gol e a TAM vão dar conta do recado, principalmente nos vôos internacionais, eles estão muito enganados", comentou.