Título: Cresce vantagem de Lula sobre Alckmin, indica pesquisa Ibope
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2006, Nacional, p. A4

Nada derruba o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo achando que o desemprego vai aumentar, mesmo culpando o governo federal pelos problemas de segurança, mesmo acreditando que a renda não vai aumentar, mesmo que a maior lembrança do governo federal sejam os casos de corrupção, o eleitor brasileiro daria ao presidente a vitória no primeiro turno, com 48%, contra 19% do candidato do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin. Pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem indica que a aprovação do governo cresceu juntamente com a pontuação eleitoral de Lula.

Em março, na última versão da pesquisa CNI/Ibope, em duas simulações de primeiro turno, Lula tinha 43% e 46% contra 19% e 22% de Alckmin. Antes, em dezembro de 2005, no auge do desgaste de Lula, Alckmin esteve a apenas 12 pontos porcentuais do presidente (32% a 20%), ainda nas simulações de primeiro turno. A sólida ascensão de Lula, que os tucanos acusam ser decorrência da farta publicidade oficial despejada na mídia eletrônica, desdenhou o programa nacional de propaganda partidária do PSDB e muitas inserções comerciais dos tucanos, que foram ao ar nas duas últimas semanas.

A pesquisa mostrou que, depois de muitas perdas eleitorais por causa do escândalo do mensalão, Lula recuperou fôlego em todas as regiões; mas seu melhor desempenho continua sendo no Nordeste, onde agora atingiu os 66%, contra apenas 8% de Alckmin. Seu pior desempenho continua sendo na Região Sul, onde tem 36% contra 15% do ex-governador.

Nas faixas de renda, Lula só perde para Alckmin (36% a 27%) entre os que ganham mais de 10 salários mínimos; na faixa até 1 salário mínimo Lula tem 60%, contra 10% de Alckmin; entre 1 e 2 salários mínimos o presidente chegaria agora aos 50%, contra 15% do tucano.

Comportamento semelhante é observado na intenção de voto por escolaridade: entre os que têm até a 4ª série do ensino básico Lula tem 55% e o tucano, 13%; a diferença cai à medida que a escolaridade aumenta, mas mesmo assim o petista venceria em todas as faixas, até entre os que têm nível superior, faixa na qual até recentemente Alckmin tinha a maioria da preferência.

Nas simulações de segundo turno (meramente hipotéticas, porque Lula venceria, em todos os cenários, no primeiro turno) o petista também disparou: teria 53%, contra 29% de Alckmin, com 24 pontos porcentuais de vantagem. Em dezembro de 2005 essa diferença era de apenas 4 pontos porcentuais (41% a 37%); e em março de 2006, na última versão da pesquisa, era de 18 pontos porcentuais (49% a 31%). Desde dezembro de 2005, enquanto Lula ganhou 12 pontos porcentuais, Alckmin perdeu 8.

REJEIÇÃO

Lula tem a menor rejeição entre todos os candidatos (28%), inclusive nanicos, mas tem, disparadamente, o maior índice de conhecimento - apenas 1% dos eleitores (um número desprezível) diz não conhecê-lo. Alckmin tem 34% de rejeição, mas 33% dos eleitores dizem conhecê-lo "pouco", 31% afirmam conhecê-lo "só de nome" e 15% declaram que nunca ouviram falar no seu nome - apenas 20% dizem conhecê-lo bem. Isso significa que uma parte razoável daquela rejeição tem origem no desconhecimento do candidato e, por isso, ele tem margem de crescimento, desde que se faça conhecido por uma parcela maior do eleitorado.

O Ibope cruzou a simulação de segundo turno com o nível de conhecimento de Alckmin e apurou um resultado curioso. Ele chega a alcançar uma intenção de voto de 43% entre os eleitores que dizem conhecê-lo "bem" ou admitem conhecê-lo "um pouco" (nessas faixas, Lula fica com 42%); no entanto, entre os eleitores que dizem conhecê-lo "só de nome" ou que nunca ouviram falar em seu nome, ele cai para 12%, enquanto Lula atinge os 66%.

MAIS EXPOSIÇÃO

Os entrevistados também reconhecem que Lula tem aparecido muito mais na mídia eletrônica do que seu adversário: 51% dos eleitores dizem que o presidente apareceu com mais freqüência na televisão, enquanto 22% afirmaram que Alckmin teve uma exposição maior.

Os três principais temas que o eleitorado quer ver resolvidos pelo futuro presidente são: a geração de empregos (citada por 53% dos entrevistados), investimentos em saúde e educação (cobrados por 40% dos eleitores) e, por último, combate ao crime organizado (mencionado por 32%). A seguir vêm redução de impostos e manutenção dos programas sociais.