Título: Territórios estão à beira da guerra civil, diz instituto
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2006, Internacional, p. A10

Os territórios palestinos estão à beira de uma guerra civil que pode ser desencadeada por qualquer ato de violência mais grave, constatou o International Crisis Group (ICG). Esse instituto independente de pesquisa, com sede em Bruxelas, tem como meta prevenir e resolver conflitos. O ICG considera que a determinação do presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, de realizar um referendo em 26 de julho, sobre uma proposta que implica o reconhecimento de Israel, pode ter como risco a ampliação dos conflitos com o Hamas. "Hoje a situação está a um passo trágico do caos total, que pode ser algo como o assassinato de um líder da Fatah ou do Hamas", diz um relatório do grupo.

O ICG destaca a necessidade de o Hamas atender às exigências internacionais de reconhecer a existência de Israel e desistir da luta armada, mas avalia que a população palestina nunca enfrentou tanta hostilidade externa. Após a posse do Hamas, em março, os EUA, a União Européia (UE) e outras entidades e países cortaram ajuda financeira aos palestinos.

O ICG critica a política do Quarteto de mediadores para o Oriente Médio (EUA, ONU, Rússia e UE), que visa a fortalecer Abbas em sua luta contra o Hamas. Para o instituto, o corte da ajuda à AP e a interferência em favor de Abbas tendem a exacerbar a luta interna palestina. Já o Quarteto espera que as sanções e a insatisfação da população com a crise econômica resultante da vitória do Hamas causem a queda do governo.

"Em resposta, o Hamas quase certamente iria recorrer à violência interna e aos ataques contra Israel", alertou o ICG. Para evitar a guerra civil, o instituto sugere que o Quarteto adote uma política menos rígida, com estes objetivos: evitar a violência entre facções palestinas e o colapso da AP; encorajar o Hamas a adotar políticas mais pragmáticas, e não apenas por meio de ameaças; alcançar um cessar-fogo sustentável.