Título: Varig livra-se de arresto até dia 21
Autor: Nalu Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

O juiz Robert Drain, da Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York, prorrogou até 21 de junho a liminar que protege a Varig do arresto das aeronaves que estão sob contratos anteriores a junho de 2005. Drain manteve a liminar, "diante do esforço da Corte brasileira", para que o juiz Luiz Roberto Ayoub possa dar continuidade à decisão sobre o leilão de venda da companhia. Essa decisão não invalida decisões de outras Cortes americanas, como nos casos da Boeing e da Willis Lease.

A manutenção da liminar até a data estipulada era exatamente o que o advogado da Varig em Nova York, Rick Antonoff, pediu, ao reconhecer que não cabia mais manter o pedido por uma decisão definitiva do juiz Drain neste caso. O objetivo da decisão de ontem é dar tempo, no caso de um parecer favorável da Justiça brasileira, para que a NV Participações deposite os US$ 75 milhões exigidos pelas regras do leilão.

Após a decisão do juiz Drain, a companhia aérea brasileira teve outra audiência apenas com o International Lease Finance Corporation (ILFC). A audiência, que não durou mais do que 20 minutos, tratava exclusivamente da dívida da Varig com o ILFC, cujo vencimento foi ontem. O advogado Rick Antonoff pediu prorrogação do pagamento, mas não teve sucesso.

Segundo estimativa dos advogados dos credores, as dívidas da Varig com o ILFC excedem US$ 8 milhões em leasing e manutenção. Além disso, o ILFC acrescenta que a empresa brasileira tem de pagar mais US$ 12 milhões por causa de reparos de turbinas. Se não pagar a dívida, a Varig será obrigada a devolver 11 aeronaves que pertencem ao ILFC. Ainda no início da noite de ontem, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, informava que os advogados da empresa estavam negociando em Nova York o pagamento de parcela devida ao ILFC.

Sobre a decisão do juiz Drain, de prorrogar a proteção contra o arresto de aeronaves da empresa, Bottini disse, por meio de nota, que, "como era esperado pela Varig, as decisões das Justiças americana e brasileira estão em sintonia" e se trata de "um novo voto de confiança na viabilidade da empresa e a garantia de que nossas operações nacionais e internacionais não sofrerão alteração".

Ontem, circularam informações de que outra empresa de leasing, a GATX, teria obtido decisão semelhante à da Boeing para a retomada de jatos, o que foi negado pela Varig. Segundo a empresa, nenhuma aeronave parou nos últimos dias por decisão judicial e as paralisações ocorridas foram causadas por problemas de manutenção. A Varig confirmou, contudo, que estava negociando "fórmula de acertar as dívidas com os credores", como o ILFC, a Boeing e a própria GATX.