Título: Justiça deve aceitar ação criminal para 81 acusados
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2006, Nacional, p. A11

O juiz da 2ª vara federal em Mato Grosso, Jefferson Schneider, deve acolher amanhã denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra 81 acusados de integrar a máfia especializada na venda de ambulâncias superfaturadas, por meio de licitações fraudadas, para prefeituras de oito Estados. Onze deles são ex-parlamentares.

Na última sexta-feira, o juiz começou a analisar as acusações e deve processar todos os acusados, informou sua assessoria. Eles vão responder a processos por crimes de formação de quadrilha, crime organizado, lavagem de dinheiro, corrupção, falsidade ideológica, entre outros. Com a ação penal, o próximo passo será o interrogatório de todos os denunciados. A lista dos envolvidos em desviar R$ 110 milhões do Orçamento da União inclui ex-parlamentares, assessores, empresários e funcionários do Ministério da Saúde.

O MPF pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que instaure 15 inquéritos para apurar suspeitas de envolvimento de 15 congressistas. Os nomes não foram revelados. As investigações deverão tramitar em segredo de Justiça. Além disso, de 48 mandados de recaptura autorizados pelo STF, 38 pessoas estão presas em Mato Grosso e 10 foragidas.

O esquema de venda de ambulâncias superfaturadas foi desbaratado a partir de 4 de maio, durante a Operação Sanguessuga. As investigações no MPF tiveram início em 2002.

A lista dos 11 ex-parlamentares denunciados é formada pelo ex-senador e ex-presidente do INSS, Carlos Bezerra (PMDB-MT), os ex-deputados Carlos Rodrigues (PL-RJ), José Ronivon Santiago (PP-AC), Laíre Rosado Filho (PMDB-RN), Renildo Leal Santos (PMDB-PA), Candido Pereira Mattos (PSDB-RJ), José Carlos da Fonseca Junior (PFL-ES), Múcio Gurgel de Sá (RN), Itanildes Orlando Fernandes (PPB-RJ), Joaquim dos Santos Filho (PFL-PR) e James Sampaio Calado (AL). Todos são acusados de comprar ambulâncias com dinheiro de emendas operadas pelos donos da Planam, entre eles Darci José Vedoin, acusado de liderar a quadrilha.

Na denúncia, os procuradores Mário Lúcio Avelar e Paulo Gomes, confirmam as investigações da Polícia Federal. Os grampos telefônicos feitos pela polícia revelaram que gabinetes de deputados funcionavam como pequenos escritórios comerciais do esquema. Diálogos entre empresários, assessores e até políticos narravam como funcionava o esquema. O deputado federal recebia a propina caso propusesse uma emenda orçamentária para a compra das ambulâncias. Era acertado com a quadrilha até um porcentual pela ação parlamentar.