Título: 'Não votaria nele nem que me matassem'
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2006, Nacional, p. A11

Quase quatro meses depois de ter sua conta bancária violada, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, mostra dúvidas quanto à punição dos envolvidos. Em entrevista ao Estado, Nildo revelou que o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, freqüentava mansão em Brasília onde ocorriam festas e partilha de dinheiro. Para ele, o fato de Palocci se lançar candidato a deputado prova que nada mudou.

O que senhor acha da decisão do ex-ministro da Fazenda de se candidatar a deputado federal?

Vejo que para ele e esse pessoal que está no barco dele aí ficou tudo a mesma coisa.

O fato de ele demonstrar que não se sente atingido pelas denúncias que o obrigaram a deixar o ministério deixa o senhor aborrecido?

A única coisa que me deixa zangado é que, por causa dos R$ 25 mil da minha conta, eles foram me investigar. E para ele e os outros que pagaram R$ 60 mil pelo aluguel da casa e outras despesas, até mulheres, não há investigação. Tudo (o dinheiro) era do nosso bolso.

Ele se elegerá?

Se tiver gente de bem, igual eu acho que tem, acho que não. Só se ele mudar de identidade, mudar de nome. No Brasil ainda tem gente boa. Quem vai decidir é o povo, mas acho que ele não vai passar, não.

O senhor consegue imaginar que tipo de eleitor votará nele?

Não, eu não votaria nele nem que me matassem. Ele mentiu para todo mundo, mesmo depois de os comparsas dele falarem a verdade sobre a casa em que iam.

O senhor acredita que ele será punido na Justiça pelo envolvimento na violação de seu sigilo bancário?

Tenho de ver com meus próprios olhos para acreditar. Do jeito que foi e ele está deste jeito (candidato a deputado), imagine os outros que fizeram tudo com ele.

Como o senhor se sentiria se estivesse no lugar dele?

Ficaria com vergonha. Ele estava num emprego, alugou a casa, dizia que não ia e fez tudo o que fez. Se eu fosse ele, nunca mais botaria minha cara na televisão.

O que mudou na sua vida desde que deu entrevista ao Estado?

Muita gente me reconhece, me pára para me dar parabéns. Para quem não está acostumado, acha isso meio ruim. Eu tenho ficado mais é na roça (no Piauí).

O senhor se arrependeu?

De jeito nenhum. É duro mentir para quem tem a verdade na testa.