Título: Alta do combustível inchou resultados
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2006, Economia & Negócios, p. B3

A alta dos preços dos combustíveis como álcool e gasolina garantiram boa parte do crescimento das vendas das empresas do comércio no primeiro trimestre ante igual período de 2005. Estudo da Serasa baseado nos balanços das companhias revela que, excluindo postos de combustíveis, o faturamento do comércio teve crescimento real de 6,6% de janeiro a março na comparação anual, quase 4 pontos porcentuais abaixo da média do setor que inclui a revenda de combustível.

A Petróleo Ipiranga, segunda maior distribuidora de combustíveis do País com 4.218 postos, fechou o primeiro trimestre com faturamento de R$ 5,9 bilhões na área de distribuição. O resultado é 17,1% maior ante igual período de 2005. Segundo o diretor de Marketing Ricardo Maia, pesaram mais no desempenho os aumentos de preços dos combustíveis do que a alta no volume vendido.

Entre agosto e setembro de 2005, os preços da gasolina e do diesel aumentaram cerca de 10%. A partir de dezembro foi a vez do álcool. Já o volume de gasolina vendido pela companhia cresceu 1,2% na comparação com 2005. No diesel, o acréscimo foi de 3,9%, enquanto o álcool aumentou 14,9%.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, lembra que o preço do álcool mais que dobrou (102%) entre o primeiro trimestre deste ano e o mesmo período de 2005. Ele observa que, no primeiro quadrimestre deste ano, o volume vendido de combustível teve ligeiro recuo entre 0,2% e 0,3% .

"A energia, que inclui combustíveis e eletricidade, tem peso importante no desempenho dos setores da economia", afirma o coordenador do estudo da Serasa, Marcio Torres. Na indústria, se for retirado o balanço da Petrobrás, maior no ramo de combustível, o faturamento do setor como um todo, que tinha crescido 5,8% no primeiro trimestre, agora cai 9,8%.

No setor de serviços, se for excluída a energia elétrica, o faturamento de toda as empresas, que teve acréscimo real de 2,6% no primeiro trimestre, não cresceu mais de 1,5% desta vez.

O faturamento de 10 mil empresas dos setores de indústria, comércio e serviços cresceu 6% no primeiro trimestre na comparação anual. Sem as companhias de energia elétrica e de combustível, porém, há queda no faturamento de 2,6%.