Título: Com medo, carcereiros decidem usar armas
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2006, Metrópole, p. C1

A morte de 13 homens ligados ao PCC deixou mais tenso o clima entre os agentes penitenciários das prisões do interior do Estado. O medo é de que a facção retalie a morte de seus integrantes com novos ataques. Para se defender de um possível atentado, muitos agentes optaram por andar armados no trajeto entre a casa e o trabalho. Este é o momento em que eles correm mais perigo de ser atacados. Por isso, mesmo sabendo que podem ser presos, pois o porte ainda é proibido, eles decidiram optar pelas armas.

"Eles preferem correr o risco de ser enquadrados num crime inafiançável a ficar expostos a um atentado. É o medo que fala mais alto", diz Renato Foshina, diretor regional do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sinfuspesp). Segundo ele, a entidade tem conhecimento da situação. "São muitos os que possuem armas, mas não temos o que fazer porque sabemos das dificuldades enfrentadas por eles", acrescenta Foshina.

REAÇÃO

"A gente vive sofrendo ameaças e não dá para ficar sem fazer nada", afirma O.R.S., que trabalha numa prisão do oeste paulista, sobre o fato de andar com um revólver calibre 38.

Os agentes paulistas não podem portar armas porque o Estatuto do Desarmamento, que libera o uso de armas para eles, ainda não foi regulamentado no Estado. No dia 11 de julho, representantes dos agentes se reúnem com o governador Cláudio Lembo para discutir o uso de armas pelos carcereiros.