Título: Facção planejava ataques em mais 3 cidades
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2006, Metrópole, p. C1

O Primeiro Comando da Capital (PCC) planejava também atacar agentes penitenciários em prisões de Presidente Prudente, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. As informações foram colhidas pelos próprios agentes do sistema paulista, que também souberam com antecedência dos ataques que estavam para ocorrer na região do ABC. "Passamos as informações para nossos superiores, que souberam se antecipar à ação. Mas tememos pelo que pode acontecer, principalmente em Presidente Prudente, onde as ameaças aconteciam há mais tempo do que no ABC", disse o agente Cícero Sarnei dos Santos, presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária (Sindasp).

Por causa das ameaças permanentes, os mais de 20 mil agentes do Estado estão tomando medidas para evitar serem surpreendidos pelos criminosos. O principal cuidado é se expor o mínimo possível, evitar festas, não permanecer em bares e alterar a rotina.

A categoria avalia a possibilidade de retomar a greve, que durou uma semana e foi interrompida no dia 1º. "A luta é para melhorar as condições de trabalho, mas, por enquanto, nada foi feito. Podemos retomar o movimento a qualquer momento", afirma Sarnei.

O estado de alerta se alastrou também para os policiais. O cabo Ruiz Carlos Cezário, que atua na região de Pirituba, no 4º Batalhão, na zona norte, saiu de casa cedo ontem e permaneceu todo o dia fora por causa dos ataques de segunda-feira. Ele tem dois filhos, de 14 e 6 anos, e mora perto de uma favela onde as pontos-de-venda de drogas são dominados pelo PCC. "Voltamos a ficar em alerta e nesses momentos sempre procuramos evitar ao máximo expor nossos familiares."

Ele conta que a tropa, longe de celebrar a ação de anteontem, ficou mais apreensiva por temer eventuais vinganças. Como aprenderam com os ataques de maio, estão mais preparados para fugir de armadilhas.

O serviço de inteligência da PM passou a relatar ao pelotão nome e foto de suspeitos de pertencerem às facções nas regiões em que cada grupo atua. "Mas as maiores precauções precisam ser tomadas em casa. Meu filho parou de sair à noite. Quando sai, o acompanho de longe em meu carro. Ele não gosta, mas precisa entender que é filho de policial."