Título: Os dois lados exageram nas comparações
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2006, Nacional, p. A4

Ao tentar provar a superioridade de seus governos, tanto o presidente Lula quanto seu antecessor, Fernando Henrique, têm exagerado na dose. Se compararmos a situação atual da economia com a de maio de 2002, antes da crise cambial, provocada pelo temor do mercado com a vitória do PT, as diferenças são menores do que tentam mostrar os dois lados.

A valorização real da taxa de câmbio, por exemplo, que tanto serve para o governo propagandear sua "moeda forte" quanto para a oposição criticar o prejuízo às exportações, foi de 12% nos últimos quatro anos e não os 40% que aparecem na comparação com o pico do dólar de 2002.

As expectativas de inflação, agora reduzidas a 4,23%, são um pouco inferiores aos 4,37% de maio de 2002, embora em dezembro daquele ano tenham chegado a mais de 13%, obrigando o Banco Central a elevar a taxa de juros depois de uma queda anterior às eleições, como agora.

A queda na dívida pública também é menor do que Lula faz crer, quando compara o atual nível de endividamento com outubro de 2002. Em compensação, a carga tributária também é maior do que a de seu antecessor.

No quesito desemprego, a situação é bastante parecida: 10,5% em 2006 ante 10,2% em 2002. Um dos poucos parâmetros em que Lula leva larga vantagem é o comércio, favorecido pela conjuntura internacional.