Título: Novo tesoureiro também tem complicações
Autor: Vera Rosa e Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2006, Nacional, p. A4

O prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), será o tesoureiro da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Filippi esteve ontem em Brasília e conversou com Lula, seu amigo desde os anos 80. Depois do encontro, disse se sentir honrado com o convite, mas evitou confirmar oficialmente sua escolha, sob o argumento de que ainda apresentará um plano de trabalho que precisa passar pelo crivo da coordenação petista. Mas é só uma atitude formal, combinada com a direção do PT, para deixar claro à opinião pública que ele pretende imprimir uma gestão diferente da exercida por Delúbio Soares - ex-secretário de Finanças do PT e um dos pivôs do escândalo do mensalão.

A exemplo de Delúbio, porém, Filippi também tem suas complicações. O Tribunal de Contas de São Paulo (TCE) julgou irregulares pelo menos seis contratos de sua gestão na prefeitura de Diadema.

Segundo o TCE, em um contrato de 2002 no valor de R$ 2,2 milhões com uma construtora local, a prefeitura de Diadema, promoveu a "alteração contratual irregular quanto ao critério de reajustamento, que não obedeceu ao pactuado inicialmente" e condenou-a a devolver aos cofres públicos "a importância reajustada a maior". Em agosto do ano passado, a segunda câmara do tribunal, após recurso da prefeitura, confirmou a decisão. Novos recursos ainda são possíveis.

A prefeitura foi igualmente condenada por contratar sem licitação em novembro de 2003 os serviços do Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort). Foram responsabilizados os secretários de Finanças e de Administração, que fecharam contrato com o instituto - uma despesa de R$ 1,44 milhão - para a "prestação de serviços de assessoria e consultoria à Divisão de Tributos Imobiliários". Como no caso anterior, cabe recurso.

O novo tesoureiro de Lula também enfrenta ações propostas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Ele figura como acusado, com outras empresas e pessoas, em pelo menos quatro ações em tramitação no Tribunal de Justiça (TJ-SP). Procurada duas vezes às 18h30 e às 21 horas de ontem, a assessoria de imprensa de Filippi argumentou que, por causa do horário, teria dificuldades de localizar integrantes da área jurídica para responder às perguntas da reportagem.