Título: Avião da empresa tem falha durante pouso
Autor: Alberto Komatsu, Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2006, Economia & Negócios, p. B5

Não bastassem a crise financeira e as incertezas que cercam o seu destino, a Varig provocou ontem pela manhã momentos de apreensão por causa de uma falha mecânica em um dos trens de pouso de um avião MD 11 durante a descida no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília. Um dos três equipamentos que servem para baixar as rodas falhou no instante do pouso, mas o avião, com 108 passageiros a bordo, não teve dificuldade maior para pousar.

O problema, no entanto, provocou atrasos de mais de uma hora em oito vôos que chegavam e onze que partiam da cidade pela manhã. Dois vôos que deveriam aterrissar em Brasília foram redirecionados para Goiânia e os outros ficaram sobrevoando por cerca de 20 minutos a capital até serem autorizados a descer.

Isso foi necessário, segundo a Infraero, que administra os aeroportos brasileiros, porque em situações como essa o procedimento-padrão é a interdição da pista para que os técnicos verifiquem se não houve desprendimento de peças do avião e façam a limpeza de óleo que pode ter sujado o local. Além disso, a aeronave teve de ser removida, pois não poderia seguir viagem.

O vôo da Varig, de número 2004, deixou o Rio às 8h40 com destino a Manaus (AM) e apresentou a falha ao fazer a escala em Brasília, às 10h15. Dos mais de 100 passageiros, os 45 que seguiriam para Manaus foram acomodados em vôos de outras companhias. Segundo a Varig, nem tripulação nem passageiros sentiram qualquer problema no momento do pouso.

Em nota, a Varig informou que a falha foi provocada pela ¿quebra do suporte de fixação das rodas¿ e, por isso, um conjunto de pneus se desprendeu. O avião permaneceu no hangar do aeroporto para a troca da peça e investigação das causas da falha, tarefas a cargo dos técnicos da Varig Engenharia e Manutenção (VEM).

A direção da Varig fez questão de frisar que o trem de pouso não falhou por falta de manutenção, pois ainda faltavam 1.159 dias para a inspeção do equipamento, seguindo o plano de manutenção aprovado pelos órgãos reguladores do setor. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que também fará uma investigação técnica, mas afirmou, em nota, ter ¿convicção na qualidade dos trabalhos de manutenção da Varig¿. Para a agência, o episódio não passou de um ¿incidente¿, porque não registrou vítimas nem danos materiais graves.

A Anac também afirmou que a Varig cumpriu todas as regras de segurança e de atendimento aos passageiros e destacou que ¿esse tipo de incidente poderia ter ocorrido com qualquer outra companhia aérea¿.