Título: BR garante combustível para Varig continuar voando até 2ª feira
Autor: Alberto Komatsu, Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2006, Economia & Negócios, p. B5

Após negociação difícil com a BR Distribuidora, a Varig garantiu combustível para operar até segunda-feira. A distribuidora, que havia imposto pagamento à vista pelo querosene, aceitou como moeda de pagamento uma parte restante de recebíveis de passagens compradas pelo cartão de crédito, que a Varig ainda não havia empenhado com os credores.

A situação se agrava porque a associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que venceu o leilão de venda da empresa há nove dias, ainda não provou que terá dinheiro para concretizar a operação. Segundo fontes próximas da negociação, a Varig já não tem tanta disponibilidade de recebíveis de venda de passagens e terá de conseguir dinheiro para voltar a pagar o combustível à vista. A empresa precisa, com urgência, de capital de giro para funcionar.

As negociações para a Varig obter o depósito de US$ 75 milhões prosseguiram ontem, num clima tenso, recheado de desentendimentos. O dinheiro evitaria também o arresto de quase metade de sua frota, pedido por empresas de leasing por falta de pagamento. Na ação, que corre na Corte de Nova York, o juiz estendeu até quarta-feira o prazo para a confirmação do depósito.

Apesar do ponto facultativo de ontem, o juiz da 8ª Vara Empresarial , Luiz Roberto Ayoub, liderou, em seu gabinete, uma reunião, que se estendeu por todo o dia, com representantes da Varig.

No início da tarde, o reestruturador da companhia, Marcelo Gomes, da consultoria Alvarez & Marsal, chegou a anunciar que a TGV e potenciais investidores participavam da reunião. Também informou que até o fim do dia poderia surgir uma boa notícia. Mas, após a informação de Gomes, a TGV negou participação no encontro.

Situação parecida ocorrera quinta-feira, quando Gomes disse que o depósito poderia ser feito ¿nas próximas horas¿. Fontes que acompanham as negociações alegam que o TGV começou a desconfiar de que a falta de sintonia pode ser um sinal de negociações paralelas, sem a participação da organização, a única que fez uma oferta no leilão.

Até agora, a associação de funcionários não comprovou dispor de recursos para pagar pela empresa e, dos diversos ¿possíveis investidores¿ que tiveram nomes vazados durante a semana, nenhum confirmou um acordo ou o interesse no negócio.

O presidente da TAP, Fernando Pinto, está desde segunda-feira no Rio. Ele confirma o interesse pela Varig, mas já deixou claro que dispensa a parceria com a TGV. Procurado ontem pelo Estado, às 18h30, Pinto disse que não poderia falar, pois estava numa reunião, ¿no meio da guerra¿. Um dos potenciais financiadores era a Lan Chile, que abandonou ¿temporariamente¿ o acordo, disse uma fonte.