Título: Plano prevê internet rápida nas escolas
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2006, Nacional, p. A10

Idéia é pôr computador conectado por banda larga em cada um dos 173 mil estabelecimentos de ensino fundamental e médio do País

O governo federal pretende colocar um computador ligado à internet por banda larga em cada uma das 173 mil escolas de ensino fundamental e médio no País, sejam urbanas ou rurais, nos próximos cinco anos, a partir de 2007. O projeto vai custar R$ 600 milhões por ano para levar não apenas os equipamentos, mas algum tipo de conexão de internet para todos os 5.560 municípios do País. Hoje, 43% das cidades brasileiras não têm nenhum tipo de internet a não ser por meio de linha discada - e muitas apenas com conexão interurbana.

O dinheiro não será exatamente o problema. Ainda no governo Fernando Henrique foi criado o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), um imposto de 2% sobre o valor das contas de telefone, tirado da receita das empresas de telefonia, para ser usado na informatização das escolas. Até o ano passado, o Fust tinha mais de R$ 3 bilhões parados porque o governo - o atual e o passado - não conseguiu chegar a uma conclusão sobre qual seria a melhor forma de usá-lo. A receita anual do Fust está hoje, de acordo com o governo, em R$ 600 milhões anuais.

"A lei hoje exige que os recursos sejam usados para computadores e internet discada. Vamos mexer nisso para permitir a aplicação nessa nova proposta. É completamente viável", garantiu o ministro da Educação, Fernando Haddad. A arrecadação anual do Fust, explica o ministro, seria suficiente para comprar e instalar os computadores nas 173 mil escolas do País nos primeiros cinco anos. Depois disso, o custo - apenas para manutenção - cairia.

Colocar computadores em todas as escolas não é exatamente uma idéia nova. Começou no governo Fernando Henrique, com a criação do ProInfo, no Ministério da Educação. A idéia, então, era colocar computadores nas escolas e, onde houvesse telefone, internet. Mas apenas nas escolas de ensino médio e com um determinado número de alunos. Também seriam feitos núcleos de informática nos municípios para treinar professores.

A idéia caminhou a passos de tartaruga desde então. A primeira impressão é de que a questão se resume apenas a recursos e dificuldades burocráticas de implantação. Mas não é só isso que falta para informatizar as escolas. Em muitos casos, o problema é muito mais básico.

Os últimos dados do Ministério da Educação, de 2003, mostram que 34,6 mil escolas de ensino fundamental - 23,1% do total - não têm nem mesmo energia elétrica. No ensino médio, são quase 7 mil entre 23 mil escolas sem luz. Soa estranho levar sistemas de internet a locais que não conseguem nem mesmo ter uma geladeira para guardar a merenda escolar.

Das 173 mil escolas de ensino fundamental e médio do País, 50,9 mil têm apenas uma sala de aula e 16,8 mil não têm nem mesmo um banheiro. Além disso, pouco mais de 20 mil têm laboratórios de informática e cerca de 22,6 mil contam com acesso à internet - isso porque muitas dispõem de laboratórios para os alunos sem conexão, mas a possuem nas secretarias e diretorias. E essas são, normalmente, em áreas urbanas, de fácil acesso e nas Regiões Sul e Sudeste.