Título: Desorganização marca eventos da agenda tucana
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2006, Nacional, p. A6

Viagem ao Tocantins, onde Alckmin ainda luta por espaço eleitoral, foi desmarcada na última hora; em Minas, alteração causou constrangimento

Não bastasse a má performance nas pesquisas, o candidato tucano Geraldo Alckmin ainda amarga atropelos políticos provocados pela falta de organização de sua campanha. A confusão interna é tamanha que até acordos políticos costurados a duras penas em Estados onde PSDB e PFL se enfrentam em disputas estaduais levam mais de dez dias para se refletirem na agenda de viagens do candidato. Ontem, quase Alckmin desembarcou em Palmas, embora nem tucanos nem pefelistas desejassem sua presença no Tocantins antes de julho.

Só na noite de quinta-feira é que foi cancelada a viagem que Alckmin faria a Palmas, ontem de manhã, para participar da convenção tucana que oficializou a candidatura de Siqueira Campos a governador. Há duas semanas o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), e o PSDB de Campos tinham concordado que não era aconselhável Alckmin ir à convenção.

"Não sei por que o Tocantins entrou na agenda!", espantou-se ontem o senador Heráclito Fortes (PI), membro do PFL na coordenação nacional da campanha. Segundo ele, a questão foi discutida na reunião do conselho político, quarta-feira passada, quando se acertou que Alckmin só visitaria o Estado em julho.

No do mês passado, Alckmin também cancelou na última hora uma visita que faria a Patos de Minas com o governador Aécio Neves (PSDB). Mas manteve a programação em Governador Valadares, no dia seguinte, quando Aécio já tinha avisado bem antes que não poderia comparecer, devido a compromissos agendados havia mais de um mês. Resultado: Aécio passou dias justificando a sua ausência e explicando que não abandonara o candidato.

Siqueira Campos e seu filho, o senador Eduardo Siqueira Campos, já foram do PFL, mas os pefelistas do Estado preferiram se engajar na reeleição do governador Marcelo Miranda (PMDB). Um dos desafios de Alckmin foi segurar este segundo palanque, que ameaçava abrir espaço para o PT de Lula.

O senador Siqueira confirmou que a decisão de adiar a visita de Alckmin foi conjunta: "O entendimento que fiz com o senador Bornhausen foi respeitoso e politicamente inteligente, para maximizar o apoio ao nosso candidato no Estado".

Bornhausen também confirmou que o objetivo foi ganhar tempo para ampliar o espaço do candidato tucano no Estado e garantir os dois palanques. Sua primeira investida foi bem sucedida: ele evitou que o governador Marcelo Miranda se aliasse ao PT e tomou do prefeito petista de Palmas, Firmino Filho, o cargo de vice.