Título: Mantega dá duas pistas: meta de inflação não muda e TJLP cai
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2006, Economia & Negócios, p. B3

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou ontem o que o mercado já especula: o Conselho Monetário Nacional (CMN) deve fixar em 4,5% a meta de inflação para 2008 e reduzir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para o 3º trimestre. As metas de inflação de 2006 e de 2007 estão fixadas em 4,5%, com 2 pontos de tolerância para cima ou para baixo.

Amanhã, o CMN decidirá se mantém a meta para 2007 e fixará a de 2008. Questionado se a meta de inflação poderia ser reduzida, o ministro respondeu: "Tudo é possível, mas não sei se é provável. Não há impedimento de natureza legal ou técnica para subir ou baixar, mas não sei se é provável."

Segundo ele, "há uma leve suspeita de queda na TJLP", hoje fixada em 8,15% ao ano. A taxa corrige financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor produtivo. "É possível que a taxa venha a cair, mas esta é uma discussão que fazemos no CMN." O presidente do BNDES, Demian Fiocca, que se reuniu ontem com Mantega, acredita que há espaço para a TJLP cair para perto de 7,5%. Ele lembrou que, a rigor, a taxa é definida com base na meta de inflação, mais o risco país, e o CMN tem seguido essa regra de "maneira suave".

Mantega recebeu ainda os presidentes do Banco do Brasil, Rossano Maranhão, e da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, para um balanço dos últimos seis meses da situação do crédito no Brasil. Mas negou que estejam em estudo novas medidas no setor. "O acesso ao crédito já é bastante amplo."

O ministro volta a se reunir hoje com os presidentes dos bancos federais. Ele negou que o balanço esteja sendo realizado para uso na campanha eleitoral do presidente Lula. "Em 2007, que não é um ano eleitoral, o crédito vai continuar crescendo, os juros vão continuar caindo e o País continuará crescendo."

Sobre as mudanças estudadas pelo governo para alterar a legislação cambial, o ministro disse que estarão concluídas em "duas ou três semanas". As mudanças precisam ser feitas "parcimoniosamente, com calma e cuidado". O objetivo, disse, é facilitar o fluxo de capitais, reduzindo o custo da intermediação financeira, mas de forma que, havendo necessidade, o CMN possa revogar as alterações.

"Queremos queimar algumas etapas para que parte dos recursos que o exportador vai gastar já possa ficar lá fora", explicou Mantega ao se referir à possibilidade de os empresários quitarem suas dívidas no exterior antes de internalizarem os dólares recebidos pelas exportações.