Título: Preço do gás boliviano sobe 6%, diz Petrobrás
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/06/2006, Economia & Negócios, p. B6

A Petrobrás confirmou ontem que no dia 1º de julho aplicará um aumento de cerca de 6% ao gás boliviano vendido às distribuidoras brasileiras de gás canalizado. O reajuste cumpre os termos do contrato com a Bolívia, que prevê revisões a cada três meses, com base na variação do preço do petróleo.

O aumento valerá para Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O repasse ao consumidor, porém, dependerá da legislação de cada Estado. Em São Paulo, as distribuidoras devem fazer o repasse apenas nas datas de aniversário de concessão, informou a Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE). Ou seja, em dezembro para a Gas Brasiliano, e em maio do ano que vem para a Comgás e a Gas Natural.

Já a Sulgás, do Rio Grande do Sul, informou que vai repassar em julho 4,5% para os segmentos industrial e veicular e 7,5% para comércio e residências. "O reajuste era esperado e já está previsto nas contas das distribuidoras", disse o presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás Canalizado, Romero Oliveira.

É o quinto reajuste no preço do gás importado desde setembro de 2005, quando a Petrobrás eliminou os descontos que vinha concedendo às distribuidoras havia dois anos. Desta vez, a alta foi de 10% na Bolívia, mas apenas 6% serão repassados às distribuidoras porque a parcela referente ao transporte, de US$ 1,7 por milhão de BTUs (unidade internacional de medida do gás) não foi alterada. Desde setembro, o combustível acumula alta superior a 50%.

Todos os aumentos refletem a alta do petróleo nos últimos meses, já que Petrobrás e o governo boliviano ainda não iniciaram as discussões sobre a revisão do contrato. A primeira reunião nesse sentido deve ser realizada esta semana em La Paz.

A expectativa é que técnicos da estatal brasileira se encontrem com representantes de sua congênere boliviana, a YPFB, dando início ao prazo de 45 dias previsto em contrato para que as partes cheguem a um acordo. Caso contrário, a questão pode ir a arbitragem internacional.

ARGENTINA Amanhã, o presidente boliviano, Evo Morales, vai a Buenos Aires fechar o acordo sobre novos preços e volumes de exportação para a Argentina, segundo a Agência Boliviana de Informações. A expectativa na Bolívia é que o governo Néstor Kirchner aceite pagar mais de US$ 5 por milhão de BTUs pelo gás, hoje em torno dos US$ 3,35 por milhão. Além disso, a Argentina quer um volume maior de gás no futuro. O atual contrato vence em dezembro.

O embaixador boliviano em Buenos Aires, Roger Ortiz, afirmou que as negociações com os argentinos incluem investimentos na Bolívia.

Ortiz ressaltou que o novo acordo exclui as vendas de gás ao Chile por gasodutos da Argentina. Com os chilenos, Evo quer discutir separadamente, na tentativa de obter uma saída para o Oceano Pacífico.

O acordo entre a Argentina e a Bolívia deverá ser usado para pressionar a Petrobrás a aceitar uma revisão de seu contrato. "Isso deverá ocorrer", avaliou uma fonte diplomática que acompanha as negociações. A Argentina deverá pagar entre US$ 5 e US$ 5,5 por milhão de BTU. Hoje, pagam US$ 3,35 por milhão de BTU, como o Brasil.