Título: Fundo americano administra US$ 39 bi
Autor: Alberto Komatsu, Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

Considerado 'sério', Carlyle pode estar por trás de eventual proposta

O fundo de investimento americano Carlyle, que administra ativos de US$ 39 bilhões, não tem a América Latina como foco prioritário de investimentos, mas já fez apostas no mercado mexicano. Segundo um executivo cuja empresa teve recentemente um contato com o fundo, o Carlyle é um "grupo sério". Ontem, circulou no mercado versão de que o fundo poderia estar associado ao ex-presidente da Vaspex e VarigLog, José Carlos da Rocha Lima, numa eventual proposta pela Varig, não confirmada oficialmente.

"Não é o tipo de gente que entra num negócio sem olhar. Embora tenham feito investimentos pontuais na região, a área geográfica de foco principal não inclui a América Latina nem o setor de transporte aéreo. O que não quer dizer que não possam ver um negócio nessas características", disse o executivo. Procurado para confirmar as informações, Rocha Lima não retornou as ligações.

Dados do site do grupo americano na internet dão conta de que o Carlyle é um fundo de investimentos, que atua nos ramos de energia, telecomunicações, serviços de tecnologia e negócios, varejo, automotivo, saúde, além dos ramos de defesa e aeroespacial. Outra fonte que acompanha o caso da Varig disse que o ex-presidente da VarigLog teria apresentado suposta carta de crédito de uma instituição financeira, para mostrar que teria recursos.

NA CPI

Rocha Lima foi ex-presidente da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). O executivo prestou depoimento, no fim do ano passado, à CPI dos Correios, defendendo-se de acusações de ter recebido R$ 50 mil, em 2002, da Skymaster (empresa suspeita de ter sido beneficiada em licitação da ECT). Ele confirmou ter recebido o dinheiro, mas alegou que foi pagamento por consultoria à Skycargas, subsidiária da Skymaster. Rocha Lima presidiu a ECT no início dos anos 90 e, entre 2001 e 2002 dirigiu a VarigLog, que cuidava da parte logística e de transporte de cargas da Varig.

Além de Rocha Lima, esteve ontem no Tribunal de Justiça Antonio Carlos De Kleva, que se apresentou como representante de uma empresa canadense chamada Market Street, que estaria disposta a injetar dinheiro na Varig. Não foram encontrados registros nem contatos da empresa. De Kleva, que nem chegou a pedir audiência ao juiz, disse que abriria uma empresa em Barueri (SP) para viabilizar o negócio. Especialistas e executivos do setor desconhecem a empresa canadense.

De forma geral, o interesse da TAP, junto com outros investidores, é a alternativa considerada mais séria. Um executivo do setor ressalta que, numa situação de crise como a enfrentada pela Varig, surgem investidores oportunistas e até propostas irreais, querendo tirar partido da situação, atrás de um negócio barato ou apenas visibilidade na mídia.