Título: Serra ignora Mercadante e centra críticas em Lula
Autor: Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/06/2006, Nacional, p. A6

Em São João da Boa Vista, candidato tucano se nega a comentar cobranças de adversário direto e diz que o presidente é 'bom de papo e ruim de ação'

O pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, José Serra, negou-se a falar sobre seu concorrente Aloizio Mercadante (PT) em visita a São João da Boa Vista (SP), reduto do presidente estadual do PSDB, Sidney Beraldo. "Tenho mais coisa para fazer do que ficar comentando o Mercadante", disse, seco, quando questionado sobre as críticas que o adversário vem fazendo a ele. Entre elas, indagações sobre sua saída da Prefeitura de São Paulo, para disputa do governo paulista, ou sobre seu alegado silêncio diante da crise de violência urbana gerada pelo PCC.

Serra, no entanto, aproveitou uma questão local, a dos preços pagos por industriais aos produtores de laranja, para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governo federal. "Como governador de São Paulo, vou mexer para que o governo federal, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Ecônomica, do Ministério da Justiça), o serviço de defesa do consumidor entrem nessa área (de equiparação do valor pago pelo suco no Brasil e nos EUA), porque estão parados", disse Serra. E atacou: "O Lula é bom de papo e ruim de ação. Na verdade tem que ser uma ação do Ministério da Justiça. Defesa da concorrência para criar uma situação mais justa."

Em palestra a políticos de 30 municípios da região, Serra retomou de forma mais cáustica a questão. "Essa questão da laranja, que os jornalistas levantaram, é um problema do Ministério da Justiça, hoje muito ocupado com o mensalão", ironizou, prometendo fazer pressão para ajudar os produtores paulistas, se for eleito governador.

Serra ainda minimizou a estagnação de Geraldo Alckmin, pré-candidato tucano à Presidência, nas pesquisas de intenção de voto. Para o ex-prefeito, Lula aumentou sua vantagem por estar muito exposto e pelo uso da máquina pública. "Tem um governo federal e um partido no poder que usam todas as armas", disse. "O PT em maio teve três vetores publicitários extraordinários: a propaganda do governo federal, que é incrível, parece que é um outro País. Fora a notícia que o presidente da República, o homem, gera naturalmente. Mais a propaganda partidária, que foi intensa."

O candidato afirmou estar otimista, sobretudo com os efeitos que espera de campanha conjunta com Alckmin. "Teremos muito terreno, muito horário eleitoral pela frente para mostrar (realizações e propostas tucanas) para o Brasil".