Título: IPCA fica abaixo da meta pela 1ª vez desde 2000
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2006, Economia & Negócios, p. B9

Em 12 meses, índice acumula alta de 4,23%, abaixo dos 4,5% estabelecidos pelo Banco Central para este ano

A forte queda no preço do álcool (11,06%) garantiu um novo recuo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio e colocou a inflação oficial dentro do centro da meta estabelecida pelo governo, o que não acontecia desde 2000. A taxa apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês foi de 0,10%, ante 0,21% em abril. Em 12 meses, a inflação acumulou alta de 4,23%, abaixo da meta central definida pelo Banco Central para 2006 (IPCA de 4,5%).

Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do IBGE, avalia que a tendência é que ao longo do ano o IPCA - referência para as metas de inflação definidas pelo Banco Central - prossiga na convergência para taxas menores em 12 meses. Concorda com ela a analista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, que prevê inflação de 4,3% em 2006.

Para Marcela, a variação dentro da meta vai permitir a continuidade da redução da taxa básica de juros (Selic). A economista disse que o câmbio favorável e as variações reduzidas de preços em itens administrados serão os principais fatores responsáveis pelo sucesso do controle da inflação neste ano. De janeiro a maio, a variação acumulada é de 1,75%.

Se as previsões de cumprimento da meta central de inflação forem realizadas em 2006, será a segunda vez que isso ocorre no País desde 2000, único ano até o momento em que o centro da meta (então de 6%) foi alcançado, desde a criação do sistema de metas de inflação, em 1999.

A inflação acumulada em 12 meses não ficava abaixo da meta central desde novembro de 2000. Desde o início do sistema de metas, houve três anos em que a meta foi cumprida no intervalo estipulado (1999, 2000 e 2001) e três anos em que houve descumprimento (2001, 2002 e 2003).

Nos anos em que foi cumprida a meta, somente em 2000 o resultado do IPCA (5,97%) ficou dentro da meta central, enquanto em 1999 (IPCA de 8,94%) e 2004 (7,6%), o cumprimento ocorreu dentro do limite superior da banda estipulada (de 2 pontos porcentuais em 1999 e de 2,5 pontos em 2004).

CONTROLE Em maio, além do álcool, vários itens importantes na despesa das famílias contribuíram para conter a inflação, como medicamentos (1,41% em maio, ante 2,03% em abril), vestuário (0,90% ante 1,18%), energia elétrica (0,24% ante 1,23%) e condomínio (0,74% ante 1,25%).

Já os alimentos reduziram o ritmo de queda, com variação de -0,03% em maio, ante -0,27% em abril, especialmente por causa da reação no preço do frango (8,42% ante -5,93%), resultado de um ajuste dos produtores à queda da demanda pelo produto.