Título: Ministros do G-8 buscam saídas para a crise global
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2006, Economia & Negócios, p. B7

A ambiciosa agenda da reunião dos ministros das Finanças do grupo dos oito países mais ricos, o G-8, amanhã e sábado, inclui temas como o combate à pobreza, a busca do equilíbrio entre energia e desenvolvimento e a melhor governança financeira mundial, que abrange um novo papel para o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O objetivo é preparar o terreno para o encontro da cúpula do G-8, também em São Petersburgo, Rússia, em julho, que contará com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora relevantes, essas discussões serão ofuscadas por um assunto mais urgente: as incertezas sobre as perspectivas da economia global, submetida, nas últimas semanas, a uma forte volatilidade nos mercados, sejam ricos ou emergentes.

Nos bastidores, os ministros do G-8 e seus colegas (convidados) de Brasil, China, Índia, Coréia do Sul e China vão avaliar uma série de focos de preocupação para a estabilidade financeira mundial. O principal, que vem causando a atual turbulência, é a escalada dos juros nos Estados Unidos, que, segundo os mais pessimistas, pode vir acompanhada de uma desaceleração econômica, reforçando o fantasma de uma estagflação.

Essa tendência de aperto monetário, que se estende para União Européia, Japão e outros países industrializados, vem causando problemas também nos emergentes, como no caso da Turquia nesta semana, obrigada a elevar os juros para conter a volatilidade em seu mercado.

Ainda nos EUA, o gigantesco déficit em conta corrente e as dúvidas de como se dará o inevitável desaquecimento no mercado imobiliário também preocupam. Há, ainda, o permanente temor de uma alta ainda maior dos preços do petróleo, que colocaria ainda mais pressão sobre a inflação global.

Como alertou na quarta-feira o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central Americano ) Alan Greenspan, a demanda e a oferta do petróleo estão de tal modo equilibradas que qualquer fator geopolítico - como o acirramento da tensão em torno da questão nuclear do Irã - que ameace queda na produção tem o potencial de arremessar os preços para novos recordes. "A lista de problemas da economia mundial é cada vez maior" , disse o assessor de um ministro europeu.