Título: Casa Branca revê para cima expansão do PIB
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2006, Economia & Negócios, p. B7

Crescimento da economia dos EUA pode ser de 3,6%; estimativa anterior era de 3,4%

A Casa Branca revisou para cima a perspectiva de crescimento da economia americana. Sem especificar os motivos da elevação, o governo disse esperar uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,6% entre o quarto trimestre de 2005 e o quarto trimestre deste ano. Antes, a administração Bush esperava uma elevação do PIB de 3,4% ao longo de 2006. Em 2005, a economia cresceu 3,2%.

Apesar da alta dos preços da energia, a Casa Branca também espera bons desempenhos em 2007 e 2008, com o PIB crescendo 3,3% e 3,2%, respectivamente.

Ao mesmo tempo, o governo previu a melhoria do mercado de trabalho, com uma queda da taxa de desemprego dos atuais 5,1% para 4,7% ao longo de 2006, ante os 5% previstos anteriormente. Para a Casa Branca, o desemprego deverá ficar em 4,8% em 2007 e em 4,9% em 2008, contra os 5% esperados para os dois anos na projeção anterior.

Ontem, o Departamento do Trabalho informou que o número de requisições iniciais do seguro-desemprego foi de 302 mil, na semana encerrada dia 3 de junho, contra 337 mil na semana imediatamente anterior, numa redução de 35 mil. Foi o menor número desde a semana encerrada em 1.º de abril (301 mil), e a maior queda semanal desde setembro de 2005 (65 mil).

O governo não apontou um motivo especial para essa redução, mas analistas lembraram que aquela semana incluiu o feriado do Memorial Day, quando os americanos homenageiam seus soldados mortos em combate, e o serviço de atendimento desse seguro não funcionou.

Richard Dekaser, economista-chefe da National City Corporation, comentou: "Os ajustes sazonais dos feriados são muito pouco confiáveis. A informação de hoje (ontem)não é importante para avaliar o quadro do mercado de trabalho".

Muitos analistas acham que o número de desempregados tende a aumentar, na medida em que a economia parece dar sinais de desaceleração.

Na semana encerrada em 27 de maio, dez Estados e territórios tiveram aumento nas requisições do seguro-desemprego. Em Michigan, foram 8.811 pedidos, devido às expressivas dispensas no setor automobilístico. No Texas, foram 3.271 pedidos, já que o comércio e o setor industrial mandaram embora muitos trabalhadores.

INFLAÇÃO Donald Kohn, indicado para a vice-presidência do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), disse ontem que os dados recentes sobre a inflação são "de alguma forma perturbadores", e que o BC deve ficar atento aos "sinais perigosos" das tendências dos preços. Durante sabatina no Senado, na audiência de confirmação de seu nome, ele disse ainda que as expectativas inflacionárias "se agitaram um pouco. Não foi um grande movimento, mas se trata de um movimento de alta". Kohn, que é governador do Fed desde 2002, foi indicado no mês passado pelo presidente Bush para substituir Roger Ferguson.

Tony Crescenzi, estrategista da Miller Tabak, comentou que "Kohn é um mestre no uso da linguagem usada para enviar sinais (ao mercado). Portanto, acho que ele escolheu com muito cuidado o que iria dizer ao Senado".

A maioria dos analistas espera um novo aumento de 0,25 ponto porcentual no juro básico americano para conter as pressões inflacionárias.