Título: Rodada de alta de juros abala Bolsas
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2006, Economia & Negócios, p. B7

Europa sofreu as piores baixas; nos EUA, ânimo melhorou depois de previsões otimistas da Casa Branca

A onda de aumento das taxas de juros em várias partes do mundo causou histeria no mercado financeiro ontem e derrubou grande parte das Bolsas internacionais, além de afetar algumas moedas. Nos Estados Unidos, os ânimos só foram apaziguados depois que a Casa Branca fez declarações positivas sobre a trajetória de inflação e perspectivas de abertura de novos postos de trabalho.

De uma queda de 1,51% no meio do dia, o Índice Dow Jones fechou estável, com ligeira alta de 0,07%. A Nasdaq, que chegou a cair 2,35%, terminou o pregão com queda de 0,30%. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) acompanhou Wall Street e fechou em alta de 0,49%, depois de cair mais de 3% durante o dia.

Mas na Europa as Bolsas fecharam com intenso mau humor. A Bolsa de Paris caiu 2,91%; Frankfurt, 2,90%, e Amsterdã, 2,87% - refletindo a abertura da rodada de aperto monetário na Europa, Ásia e África para conter a trajetória de inflação. Depois da Turquia, que elevou o juro básico para 15% ao ano, ontem foi a vez de o Banco Central Europeu aumentar em 0,25 ponto porcentual os juros dos países da Zona do Euro, para 2,75% ao ano. A decisão foi seguida por Coréia do Sul, Índia, África do Sul e Dinamarca (ver gráfico). Já o Banco Central da Nova Zelândia descartou a possibilidade de reduzir o juro no curto prazo.

No mercado doméstico, os aumentos ajudaram a pressionar o câmbio, que fechou em alta de 1,43%, cotado a R$ 2,272. O risco país, que também chegou a subir quase 4%, diminuiu o stress e fechou em alta de 0,38%. No Brasil, era um dia para ser bastante positivo, já que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) demonstrou certa tranqüilidade e sinalizou para uma possível redução do juro em julho, afirmou Rodrigo Boulos, tesoureiro do Banif Investment Bank. Além disso, completa ele, o Congresso aprovou a MP 281, que isenta de Imposto de Renda investidores estrangeiros que comprarem papéis brasileiros no mercado local.

Apesar da volatilidade, o diretor financeiro do Banco Credibel, Marcelo Elaiuy, não acredita num processo de crise. Para ele, o que está havendo é uma diminuição do ritmo de crescimento. "A economia pode deixar de crescer 7% para crescer 4%. Mas o carro não vai parar", afirma. Os analistas comentam que os investidores andam meio sem rumo. Nesse cenário, toda informação ganha proporções muito maiores do que se fosse divulgada num ambiente benigno.