Título: Polêmicas marcam atuação do TGV
Autor: Lu Aiko Otta, Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2006, Economia & Negócios, p. B3

Grupo defendia uso de recursos do Aerus para capitalizar a empresa

O Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) foi criado em 2003 por um grupo de três associações de trabalhadores da empresa, representantes de pilotos (Apvar), comissários (Acvar) e mecânicos de vôo (Amvvar). No mesmo ano, as três associações criaram a NV Participações (sigla para Nova Varig), com capital social de R$ 4,5 mil, e cujo objetivo específico era participar do capital da Fundação Ruben Berta.

Assessorado pelo economista Paulo Rabello de Castro e pelo advogado Jorge Lobo, o TGV sempre defendeu o uso de recursos do fundo de pensão Aerus para capitalizar a Varig. Coordenado por Márcio Marsillac, o grupo acumula histórias polêmicas dentro da empresa.

No mês passado, o TGV foi autor de um dos três pedidos de empréstimo-ponte para capitalizar a Varig, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A proposta, que dava como garantia operações de descontos na folha de salário dos funcionários e ações da própria Varig, foi rejeitada pelo BNDES, que considerou insuficientes as garantias.

O TGV foi responsável por incluir no leilão a proposta de venda da Varig Operacional (unindo as áreas doméstica e internacional), pelo preço mínimo de US$ 860 milhões. O formato inicial previa apenas a venda da parte doméstica, isolada da internacional - que continuaria com as dívidas - por US$ 700 milhões.

O grupo disputa poder político e a representatividade de funcionários com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), briga que já foi parar nos tribunais. Com base em uma liminar, o TGV é hoje o representante dos funcionários. O SNA alega que essa representatividade foi obtida com base em uma assembléia fraudada e acusa o TGV de conflito de interesses por defender aspectos comerciais na NV. Na assembléia de credores que aprovou o plano de recuperação, em dezembro do ano passado, durante um bate-boca entre os dois grupos, um representante do TGV chegou a agredir fisicamente um dirigente do sindicato.

Na proposta apresentada ontem no leilão, a NV contou com a assessoria da consultoria financeira Invest Partners, com quem tem contrato assinado desde dezembro do ano passado. Pelo contrato, a Invest Partners se propõe a buscar investidores para capitalizar a Varig e estabelece uma comissão de 2,5% a 4% sobre investimentos e descontos em financiamentos obtidos no mercado.