Título: Procurador pede inquérito contra mais 42
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2006, Nacional, p. A11

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pediu ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de novos inquéritos contra 42 parlamentares suspeitos de envolvimento com a venda superfaturada de ambulâncias para prefeituras. O Supremo já investiga 15 deputados acusados de envolvimento com o esquema. A procuradoria não divulgou o nome dos novos suspeitos.

A CPI dos Sanguessugas, que começou a funcionar esta semana, deve ter acesso em breve às cópias dos requerimentos de instauração dos inquéritos e aos processos contra parlamentares. O relator desses casos no STF, ministro Gilmar Mendes, atendeu ao pedido do presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), para que a comissão possa analisar a documentação, mas exigiu a manutenção do sigilo.

Biscaia já avisou que o relatório final da CPI deve trazer o nome dos parlamentares acusados. Apesar disso, eles não serão ouvidos pela CPI, sob a alegação de que o tempo é exíguo. A CPI vai funcionar apenas durante 60 dias. Os congressistas só poderão se defender no caso de abertura de processo por falta de decoro parlamentar.

A CPI, que teve sua primeira reunião na quarta-feira, foi criada para investigar denúncias de irregularidades no uso de recursos do Orçamento-Geral da União para a compra de ambulâncias a preços superfaturados. O esquema está sendo investigado pela Polícia Federal, que já apontou o envolvimento de funcionários do Ministério da Saúde, prefeitos, empresários e parlamentares.

Na semana que vem, a CPI deve ouvir o depoimento do deputado Robson Tuma (PFL-SP), que foi relator da comissão de sindicância da Câmara que chegou a iniciar investigações sobre os parlamentares acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Também será ouvido o delegado da PF Tardelli Boaventura, responsável pela Operação Sanguessuga, que desbaratou o esquema. O depoimento do procurador da República em Cuiabá Mário Lúcio Avelar está previsto, mas ainda não foi confirmado.

As investigações indicam que a empresa Planam, de propriedade de Darci José Vedoin, vendia as ambulâncias a preços superfaturados. Os veículos eram comprados com recursos de emendas apresentadas pelos deputados e senadores cooptados pelo esquema.

Na quarta-feira, os integrantes da CPI aprovaram a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico nos últimos cinco anos da Planam, da empresa Santa Maria, que integrava o esquema, da ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, de Darci Vedoin, Cléia Maria Vedoin (esposa de Darci), Alessandra Trevisan Vedoin (filha de Darci) e Helen de Paula Vedoin (sócia da empresa).