Título: 'A Varig está viva', diz presidente da Anac
Autor: Alberto Komatsu e Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2006, Economia & Negócios, p. B1

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Sérgio Zuanazzi, disse ontem na sede da Embraer, em São José dos Campos, que a Varig está operando "normalmente", apesar dos problemas ocorridos durante o plano de emergência para atender os passageiros nos vôos domésticos e internacionais.

"A Varig está viva (...). O programa de emergência não deixou nenhum passageiro em casa até agora, ninguém deixou de chegar. Houve transtornos, mas foram resolvidos", disse Zuanazzi, durante cerimônia de certificação do jato comercial Embraer 195.

Sem esconder a expectativa na compra da Varig, Zuanazzi disse que gostaria que o problema fosse resolvido "hoje" e acredita que até terça-feira os vôos serão retomados normalmente. "A Varig solicitou este prazo até dia 3. Não sabemos se será preciso prorrogá-lo."

Zuanazzi também explicou a estratégia para atender os passageiros. "Nas rotas nacionais, a Anac opera com as demais empresas e a demanda está diminuindo, já que desde a semana passada as passagens não foram mais vendidas. Por causa do período de alta temporada, estamos autorizando vôos extras das outras empresas."

O presidente da Anac informou também que nas rotas internacionais a Varig pôs aviões menores e fez acordos com outras empresas. "E, antes que vocês perguntem, na Alemanha está operando normalmente."

TAM "Eu estava firme na negociação, determinado a fazer, mas talvez a TAM possa ter a resposta sobre sua decisão." De forma bem-humorada, foi assim que o presidente da Embraer, Maurício Botelho, respondeu à questão da opção da TAM pelos jatos da Airbus. "A TAM explica a decisão dela de competir com aviões acima de 144 lugares em nota divulgada à imprensa", completou.

Botelho disse que as linhas de crédito para a compra de aviões brasileiros por empresas brasileiras receberam um incentivo neste ano. "Hoje no mercado nacional há um esforço muito grande do governo federal e do BNDES, que equacionaram programas de financiamento em reais a longo prazo - são 15 anos de financiamento em reais." As afirmações foram feitas durante a certificação do Embraer 195, o maior já fabricado no País. Foi a primeira homologação da Anac desde sua criação, há três meses.

Em discurso animado, Botelho não poupou elogios à maneira com que a Embraer vem desenvolvendo os próprios aviões, numa crítica velada ao governo federal. "Este é o quarto avião da família Embraer 170/190, programa que teve investimentos de US$ 1 bilhão sem apoio qualquer dos governos, ao contrário das empresas concorrentes. Este projeto é a afirmação da indústria nacional no mundo." Nos últimos dez anos, a Embraer investiu mais de US$ 2 bilhões na empresa, sendo 70% no desenvolvimento de projetos. A primeira entrega do EMB 195 será em agosto, para a companhia aérea Flybe, do Reino Unido.

Durante a cerimônia, o BNDES assinou um acordo de intenções para ampliar a nacionalização do setor aeronáutico e distribuir financiamentos a pequenos e médios fornecedores. "Fazemos um esforço grande para trazer as empresas fornecedoras da Embraer para o Brasil. Já foram criados 2 mil empregos, mas é decepcionante a falta de incentivos fiscais e tributários", disse Botelho.