Título: Relação dívida/PIB de 50,7% é a menor desde abril de 2001
Autor: Adriana Fernandes e Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2006, Economia & Negócios, p. B3

A dívida líquida do setor público caiu pelo terceiro mês consecutivo em maio e atingiu a marca dos 50,7% do Produto Interno Bruto (PIB). O porcentual, pelos dados da série histórica do Banco Central, é o menor desde os 49,9% do PIB de abril de 2001. O tamanho das reduções, entretanto, deve diminuir a partir deste mês. "Em junho, a dívida deverá ficar relativamente estável (50,6% a 50,7% do PIB)", admitiu o chefe-adjunto do Departamento Econômico (Depec) do BC, Luiz Malan.

A dívida deverá chegar ao final do ano a um patamar entre 50,4% e 50,5% do PIB. A hipótese, segundo Malan, foi construída tendo como base um superávit primário de 4,25% do PIB e uma expansão da economia, este ano, de 4%. O resultado ficaria cerca de 1 ponto porcentual menor que a dívida de 51,5% do PIB do fim de 2005. Em relação ao final de 2002, o porcentual estimado por Malan estaria 5 pontos porcentuais abaixo dos 55,50% do PIB daquele período.

O chefe-adjunto do Depec destacou ainda a melhora de perfil da dívida líquida do setor público. "A sensibilidade da dívida à variação do câmbio e da taxa de juro está menor que em maio de 2005", disse. A elevação de 1% do câmbio provocava em maio de 2005 uma alta de 0,05 ponto porcentual do nível de endividamento do setor público. Como o governo praticamente eliminou a parcela da dívida atrelada à variação cambial, a situação hoje é inversa. " A dívida cai 0,001 ponto porcentual para cada 1% de desvalorização cambial", disse Malan.

Em relação aos juros, a sensibilidade da dívida também é ligeiramente menor por causa da redução da parcela dos títulos com rentabilidade pós-fixada, atrelada à Taxa Selic.

Malan chamou a atenção para a queda das despesas do setor público com o pagamento de juros da dívida. "Isto é uma conseqüência das reduções de juros iniciadas em setembro do ano passado e da queda da dívida indexada à taxa Selic", disse.