Título: Um técnico afinado com o PT
Autor: Venilson Ferreira, Tomas Okuda, Jane Miklasevicius
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2006, Economia & Negócios, p. B4

O novo ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz da Universidade de São Paulo (1956). Fez doutorado em 1973, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pós-doutorado na Universidade Federal de Córdoba (Espanha) em 1991.

Antes de ser chamado por Roberto Rodrigues para substituir José Amauri Dimarzio, que deixou a secretaria-executiva do Ministério da Agricultura para cuidar de suas empresas, Guedes foi presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de janeiro de 2003 a dezembro de 2004.

Apesar de diferenças ideológicas, ele é amigo de Roberto Rodrigues há 45 anos. Os dois estudaram juntos na universidade. Na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, Guedes foi membro do Grupo de Implantação do Sistema de Planejamento da Assistência Técnica (1970), Coordenador de Planejamento, chefe de gabinete do Secretário e secretário da Agricultura (década de 80).

De perfil técnico, Guedes chegou ao governo federal tendo como um de seus padrinhos o ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano. Ele mantém bom relacionamento com o Movimento dos Trabalhadore Sem Terra (MST) e com os ministros da área social, mais ligados ao PT, mas também tem bom diálogo com a equipe econômica.

No governo federal foi assessor do ministro da Agricultura, membro do Grupo de Implantação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e chefe da assessoria técnica e do gabinete do presidente da empresa.

Ligado ao PT, Guedes foi sócio fundador, diretor e presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), currículo que causa alguma apreensão para os grandes produtores rurais. Eles temem que o novo ministro defenda a revisão dos índices de produtividade das lavouras para fins de reforma agrária, tornando mais fácil a desapropriação das fazendas consideradas improdutivas. Rodrigues vinha lutando para que os índices não fossem alterados.

O novo ministro foi ainda membro do Conselho Curador da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e do Conselho Curador da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pró-reitor de Desenvolvimento Universitário da Universidade Estadual de Campinas.