Título: Em 2007, Gil quer continuar no ministério
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2006, Nacional, p. A6

Gilberto Gil quer continuar como ministro da Cultura em um eventual segundo mandato do presidente Lula. Em entrevista ao Estado no sábado, após fazer mais um show no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, ele fez uma avaliação de como foi ser músico nos quase quatro anos em que também acumulou a função de ministro. Criticado por permanecer por muito tempo no exterior para as turnês, Gil voltou a defender a necessidade de um orçamento maior para sua pasta. Apesar de querer manter o cargo, prevê o lançamento de um CD de sambas.

O senhor fez 64 anos no fim de junho. Até quando vai cantar?

Até morrer. Eu não tenho plano nenhum para minha vida, pelo menos nesse sentido. A música é uma permanência em minha vida, desde os dois anos de idade. É uma escolha do inconsciente.

E até quando o senhor vai querer ser ministro? Gostaria de permanecer no governo em um eventual segundo mandato de Lula?

Por muitos aspectos, eu gostaria sim. Seria interessante para fortalecer o ministério dentro do governo, o que é preciso fazer, incluindo a melhoria do seu orçamento. E para complementar trabalhos que foram iniciados. Obviamente não conto com a possibilidade de continuar como ministro, até porque isso depende de vários fatores. O primeiro deles é a reeleição de Lula e, depois, se o presidente terá vontade de me manter no cargo. Essas são questões básicas. Mas acho que seria algo interessante.

Como foi fazer música durante esses quase quatro anos na direção do Ministério da Cultura?

Fiquei restrito à performance e não tive tempo para compor. Mas não vi isso como um problema.

Por quê?

Claro que gosto de compor, mas o que mais gosto mesmo é de tocar e cantar. Na realidade, fiquei até com mais apetite por cantar, porque tinha de me dedicar ao ministério e o que sobrou foi um tempo faminto por música. Venho a cada show com muita vontade de cantar. Em quase 4 anos de ministério, fiz apenas 3 composições. Cheguei a compor 30 músicas por ano, na década de 70. Depois, essa média decresceu para umas 10 músicas. Mas nos últimos anos foram mesmo apenas 3 composições.

Para 2007, além da eventual permanência no comando do ministério, quais são seus planos?

Estou preparando um disco de samba. Um dos sambas que será incluído fui eu que compus. Outra faixa que estará no CD é Máquina de Ritmos, a última composição que fiz antes de assumir o ministério.