Título: O adversário é Mercadante, mas Serra foca críticas em Lula
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2006, Nacional, p. A8

O candidato José Serra (PSDB) disse ontem que para governar um País ou um Estado "é preciso ter história e ter competência", num recado que depois disse ser endereçado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serra também ironizou o crescimento do patrimônio de Lula, que dobrou de 2002 a 2006, dizendo que seu próprio patrimônio não aumentou durante o tempo em que ele esteve na Prefeitura paulistana: "É que eu pago minhas despesas e, embora seja economista, não sou especialmente atento às minhas aplicações financeiras."

Segundo Serra, quem tenta ser governo sem história e competência "dá com os burros n'água". Num discurso às lideranças de moradores, na Associação de Moradores do Capão Redondo, Serra insinuou que Lula não tem disposição para o trabalho. "Quem vai aprender a governar depois que é eleito fica batendo com a cabeça na parede", disse. Em seguida, ele afirmou que, para ser governo, "é preciso ter disposição de trabalho".

O ex-prefeito paulistano se mostrou atento, sim, a antecipar explicações sobre sua saída da Prefeitura, que seus adversários petistas insistem em repisar. Às lideranças de moradores do Capão Redondo, ontem de manhã, ele disse: "Eu apenas vou mudar de endereço. Saí da Prefeitura, mas meu time ficou lá, ajudando o (atual prefeito, Gilberto) Kassab a governar. Mudou o maestro, ficaram os músicos e a partitura."

Serra lembrou aos moradores que, embora deixando a Prefeitura, vai continuar podendo ajudar o bairro, na zona sul de São Paulo. "Saneamento é com o Estado, segurança é com o Estado, transporte sobre trilhos é com o Estado, saúde e educação são metade com o Estado", explicou. As explicações se sintonizaram com as reivindicações dos moradores do Jardim Ângela, todas em torno da canalização do córrego dos Brancos e da finalização do Hospital de M'Boi Mirim, bem próximo.

Serra garantiu aos moradores que, se eleito governador, construirá a extensão do metrô até Jurubatuba. Os moradores pediram a extensão do metrô até o Jardim Ângela e ele prometeu apenas estudar a solicitação. Explicou aos moradores que as obras pedidas por eles muitas vezes são caras. "Vejam a canalização do córrego Pirajuçara. Custou R$ 35 milhões. Custa caro mexer num córrego, muito mais caro que construir uma unidade de saúde", afirmou.

Ele também elogiou o trabalho efetivo que melhorou as condições de segurança do Jardim Ângela, que já foi um dos lugares mais violentos de São Paulo. "Nós estamos levando a experiência do Jardim Ângela para outros lugares, como Brasilândia, Lajeado e Capela do Socorro", contou, para orgulho dos moradores do Capão Redondo, que tem hoje perto de 600 mil moradores (o M'Boi Mirim, ao lado, tem outros 600 mil).

Numa caminhada no comércio local, Serra foi festejado com um refrão que já virou moda nos seus eventos populares: "São Paulo não erra, governador é Serra".