Título: Para médico, a tendência prejudica os pacientes
Autor: Ricardo Westin
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2006, Vida&, p. A11

Os hospitais dos planos de saúde mais prejudicam que beneficiam os pacientes. A opinião é de um médico que trabalha numa instituição desse tipo em São Paulo e já foi funcionário de outras duas.

¿Só se preocupam com o lucro. Não gostam quando demoro mais com um paciente no consultório. Para eles, quanto menos doentes interno e menos exames peço, melhor¿, conta. Ele falou ao Estado sob a condição de que seu nome não fosse publicado.

Segundo ele, a pressão ocorre de diversas formas. Num dos hospitais, por exemplo, a direção fazia rankings dos médicos que mais solicitavam exames. ¿A pressão é grande. Alguns colegas se sentem acuados. Acabam tendo compromisso com o hospital, e não com o paciente.¿

Às vezes, os efeitos são sentidos até nos hospitais conveniados. Esse médico se lembra do episódio em que a operadora não autorizou a internação de uma menina num hospital privado. Uma ambulância teve de levá-la ao hospital da operadora, onde não haveria gasto com diária. As empresas afirmam que não interferem na conduta médica. Dizem que apenas coíbem os excessos e o desperdício de dinheiro ao exigir que se sigam os protocolos médicos (regras que definem quais exames devem ser feitos diante de certos sintomas).

Para o médico e deputado José Aristodemo Pinotti (PFL-SP), construir hospitais próprios é uma ¿atitude antiética¿. ¿Os planos recebem para cuidar dos usuários, não para capitalizar e criar patrimônio. Poderiam usar o dinheiro para ampliar a rede credenciada e melhorar a remuneração dos médicos.¿