Título: Mantega, de ministro a cabo eleitoral
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2006, Nacional, p. A6
Ele diz que não está em campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas as repetidas e insistentes declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, seja para apresentar os números positivos da economia brasileira ou para rebater as críticas do candidato da oposição, o transformaram num dos principais cabos eleitorais do presidente às vésperas das eleições.
Aproveitando-se da aceleração do crescimento da atividade econômica nos últimos meses e de indicadores que colocam o Brasil numa situação muito mais confortável do que há quatro anos, quando o presidente Lula era oposição e o País vivia uma grave crise econômica, Mantega tomou para si o papel de "mensageiro" das boas novas. No cargo há pouco mais de três meses, ele mudou a agenda do Ministério da Fazenda, se aproximou mais do empresariado e, ao contrário dos seus antecessores, Antonio Palocci e Pedro Malan, fala freqüentemente em portarias e não desperdiça uma única chance para transmitir os seus recados.
Na última semana, Mantega convocou duas entrevistas coletivas para divulgar dados já conhecidos sobre investimentos e crédito. Uma delas concedida no próprio local de trabalho do presidente, o Palácio do Planalto. Encarregou os seus auxiliares de preparar comparações que mostrem os avanços na área econômica, defendeu o novo programa de parcelamento de dívidas tributárias e reuniu os presidentes dos principais bancos estatais.
Toda vez que o tucano Geraldo Alckmin critica a política econômica do governo e fala de "farra fiscal", Mantega responde. Não tem se importado com as acusações de que está em campanha e avisou que "não deixará que acusações inverídicas sejam veiculadas sem resposta".